Caminho à tua frente e te falo. Sigo a caminhada que um dia me vai lá levar. Demore o tempo que demorar, eu caminharei para lá chegar. Cedo ou tarde o meu destino é chegar, e enquanto não chego falo-te as minhas palavras, as minhas frases.
Eu sei que há várias classes de palavras. Umas são as que subentendem ideias, as soltas, as que são anotações do momento, as palavras efémeras, as ininteligíveis, as labirínticas onde me escondo de te reencontrar, as que ficam subentendidas, as que deixam tudo em aberto e as que se fecham em cadeados, as encandeadas de luminosidade e graça. Depois há as palavras que são ditas em todos os lugares, que se dizem com certo ar de ritual, as palavras finais ditas com devoção, as que são ditas num contra-relógio com medo de perder o tempo, as que se dizem em forma de leitura.
Eu falo-te todas estas palavras numa salada de ideias, numa verdade que mesmo que não tenha sido verdadeira não o deixa de ser.
Eu te falo com a ideia de não ser unidereccional mas sim plurisignificativo porque te faço seguir um caminho em que te reconheces nas passagens e nos postais falados.
Falo-te porque me ouves aquilo que te apetece ouvir, para além do marulhar do zulmarinho. que te sossega a alma.
Sanzalando
As palavras que expressa um sentir, feito de sentimento, para mim, são as que vêm do fundo do que somos. Afinal, são belas, enriquecem-nos, respiram sossego e fazem encantar. Eu sou livre, totalmente livre, de criar o que expresso com dedicação e um bem-estar que é meu, muito meu e, porque, sinceramente creio, acredito nelas. Não são feitas para agradar a todos, mas para si, acerto-as como uma flecha de encanto, porque me sinto respirar sem ofegar, um mínimo que seja aqui. Gosto deste espaço. Gosto de como escreve. Gosto de como respira, inspira e expira as palavras. Não me importa se agrada aos outros, mas faço-o com um fervor quase de beata da Igreja. Merece. Plenamente. E, afinal, quando nos chamarem para conversar com Deus, temos que ir e, tudo tem um fim. Esse, só esse, será o meu silêncio, o meu, o seu, derradeiro término das palavras que não se perpetuam. Esquecem, com facilidade. Quando não deveriam ser esquecidas. Talvez, em mim, haja exagero, mas gosto das suas palavras feitas a pensar nas suas palavras, nas palavras dos outros. Ouço-as. Sim! Nitidamente e absorvo-as e absorvo-me extasiado nessas palavras de maravilha que são as suas palavras, pode acreditar. Para mim, essas, estas, são as verdadeiras palavras. Não ferem. Não coabitam com a maldade. Com a inveja. Com o descrédito. Com a frustação. São autênticas. Verdadeiras. Respiram transparência. Carácter. Vontade. Querer. Pode crer!
ResponderEliminarCom respeito e muita estima.
Abraço.
pena