Caminho aqui na areia, deixando os meus pés bem marcados nela, com medo de me perder no regresso ou, simplesmente, porque me apetece brincar com essa areia de mil cores que passa no meio dos dedos que até faz rir. Engraçado mesmo, sombra, olho para trás e não vejo o teu rasto marcado. Tu voas ou só é mesmo ausência de peso que faz esse milagre de caminhares comigo sem deixar sinal?
Neste caminhar vou olhando para as palavras, escolhendo como quem quer escolher uma flor, para tas dar assim numa rajada de coisas ditas, que eu sei tu vais depositar logo no teu coração. Tu não tens peso, mas será que tens coração onde guardas todas as palavras que te falo? Eu acredito que sim.
Te vou falando sem saber exactamente o que te digo, sem notar se são lágrimas na cara ou gotas desse zulmarinho que salpicando me as atira com o vento. Será que eu reconheço todas as palavras que te falo? Será que estou em todas as incoerências que te digo?
Às vezes, se calha eu falar outra vez as mesmas palavras, assim no escuro do espelho onde me vejo por dentro, me custa reconhecer nessas palavras. Mas eu sei que são as palavras que eu te disse e que tu ouviste porque estavas ali, presa a mim como sempre.
Bebo uma birra loira já não estupidamente gelada, porque o calor do caminho lhe aqueceu, como me aquece a alma.
Tenho a cara mais molhada. É salgado porque uma dessas gotas me entrou na boca. Mas eu não noto que deixo cair as lágrimas hoje, mas a verdade é que a visão está assim como em dia de tempestade, turva e cinzenta, e sinto o coração que bate até parece quer sair de dentro do peito.
Olho à nossa volta, olho com esforço. Sinto-me um estranho que não existia até agora. Me tento ver aqui por dentrto. A claridade do dia não deixa ver-me nesta transparência. Tenho mesmo de esperar que anoiteça para me ver no espelho de mim.
Mas porque choraria eu hoje? Diz lá tu que sempre me acompanhas, porque é que eu hoje estou assim? Não, não é medo de deixar de ser eu, deixar de acreditar nos sonhos sonhados, deixar-me levar pela tranquilidade duma existência passiva.
Será que é mesmo só saudade dela e dos que lhe rodeiam naquela azáfama desenfreada da organização caótica. Será que é saudade daquele perfume? Será que é saudade de sentir no peito o baque daquele calor húmido.
Vamos dar corda às pernas e marcar nesta areia de mil cores todos os caminhos que andámos. Vamos que eu não quero sentir-me só, nem na imaginação.
Neste caminhar vou olhando para as palavras, escolhendo como quem quer escolher uma flor, para tas dar assim numa rajada de coisas ditas, que eu sei tu vais depositar logo no teu coração. Tu não tens peso, mas será que tens coração onde guardas todas as palavras que te falo? Eu acredito que sim.
Te vou falando sem saber exactamente o que te digo, sem notar se são lágrimas na cara ou gotas desse zulmarinho que salpicando me as atira com o vento. Será que eu reconheço todas as palavras que te falo? Será que estou em todas as incoerências que te digo?
Às vezes, se calha eu falar outra vez as mesmas palavras, assim no escuro do espelho onde me vejo por dentro, me custa reconhecer nessas palavras. Mas eu sei que são as palavras que eu te disse e que tu ouviste porque estavas ali, presa a mim como sempre.
Bebo uma birra loira já não estupidamente gelada, porque o calor do caminho lhe aqueceu, como me aquece a alma.
Tenho a cara mais molhada. É salgado porque uma dessas gotas me entrou na boca. Mas eu não noto que deixo cair as lágrimas hoje, mas a verdade é que a visão está assim como em dia de tempestade, turva e cinzenta, e sinto o coração que bate até parece quer sair de dentro do peito.
Olho à nossa volta, olho com esforço. Sinto-me um estranho que não existia até agora. Me tento ver aqui por dentrto. A claridade do dia não deixa ver-me nesta transparência. Tenho mesmo de esperar que anoiteça para me ver no espelho de mim.
Mas porque choraria eu hoje? Diz lá tu que sempre me acompanhas, porque é que eu hoje estou assim? Não, não é medo de deixar de ser eu, deixar de acreditar nos sonhos sonhados, deixar-me levar pela tranquilidade duma existência passiva.
Será que é mesmo só saudade dela e dos que lhe rodeiam naquela azáfama desenfreada da organização caótica. Será que é saudade daquele perfume? Será que é saudade de sentir no peito o baque daquele calor húmido.
Vamos dar corda às pernas e marcar nesta areia de mil cores todos os caminhos que andámos. Vamos que eu não quero sentir-me só, nem na imaginação.
Sanzalando
Como poderia ficar só na imaginação? Só se a tem de prodigio. De imensidão. De grandeza. Sozinho nunca ficará? Isso asseguro-lho porque leio, leio tudo o que o seu pensamento contém. A sombra, dignifica-a. E ela entende. Acompanha o ritmo. Compreende. A sua sombra que o segue habita nas palavras que profere magistralmente. São constatações minhas. Será que as pessoas concordarão com as minhas constatações?
ResponderEliminarCreio que sim. As pessoas que aqui passam colocam sempre simpaticamente os olhos na cara bem abertos. São afáveis. Reconhecem indubitavalmente o seu talento. Creio que sim.
Parabéns!
Fica mais um comentário a horas tardias porque hoje dediquei-me aos meus afazeres escolares. As crianças do nosso lindo Portugal merecem plenamente. E, eu acredito nelas.
Abraço
Com estima pelo que diz e pensa.
pena
Um poema para suavizar a saudade, se é que se pode.
ResponderEliminar~.~.~.~.~.~.~.~.~.
Espelho D 'Agua
Emoção...
Os rios falam pelas cachoeiras,
Compaixão...
Os peixes nadam contra a correnteza,
Sim ou Não...
As dúvidas são partes da certeza,
Tudo é um rio refletindo a paisagem,
Espelho d´agua levando as imagens pro mar,
Cada pessoa levando um destino,
Cada destino levando um sonho,
Sonhar é a arte da vida
Sonhar nas sombras de um jardim ,
Nas noites de lua que não tem fim.
Estações...
As flores falam pela primavera,
Tente insinuar que o seu amor,
Que amar é como abrir uma janela
Sol é Luz
E a luz é o que seduz e o que pondera,
Tudo é um rio refletindo a paisagem
Espelho d´ agua levando as imagens pro mar
Cada pessoa levando um destino
Cada destino levando um sonho...
Sonhar é a arte da vida
Sonhar nas sombras de uma jardim
nas noites de lua que não tem fim.....
Almir Sater/Renato Teixeira
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