Se calhar nestas caminhadas já demos a volta ao mundo em 365 dias sem parar. Se calhar usamos todas as palavras do dicionário, todos as formas gramaticais. Se calhar não dissemos foi nada do tanto que há a dizer. Se calhar fizemos aqui, neste final de zulmarinho, uma circunferência de experiências bordadas pelas palavras e silêncios, ornamentos de lágrimas, franjas de sorrisos. Se calhar fizemos a ronda dentro de mim.
Olhando para as pegadas que deixo marcadas nesta praia de areia de mil cores e de final de zulmarinho, sorrio.
Não nasci para ser lago ou um rio, praça ou avenida, por isso caminho trazendo nas palavras a sorte de um jogo de roleta, olho as ondas sempre renovadas, sinto a maresia sempre renovada em cada rajada mais forte, ouço o marulhar no seu arrítmico compasso.
São tantas as coisas que te falei que seria sorte adivinhar o que te falo na passada número qualquer coisa. Tantas coisas para dizer e ver o tempo voar, tanto mundo para descobrir e ter só um mundo na alma, tanto caminho poderá faltar para chegar ao THE END, que os pés descalços com que aqui caminho não sei se aguentarão o quente queimar desta areia. A goela é de quando em vez lubrificada por uma birra loira estupidamente gelada. E aos pés que lhe posso fazer se não lhes dar um descanso, erguê-los como que a lhes mostrar o céu?
Mas a vida tem tantas contradições e efeitos secundários que cada vez que eu penso em parar de te falar as coisas que te tenho para dizer, de dar descanso aos cansados pés, desato a caminhar e não me calo de te dizer palavras entrecruzadas com os silêncios das respostas e reacções.
Alguma vez te falei em medo?
Sei que muitas coisas abandonei por ter tido medo.
Há o medo de estar a fazer o não correcto, de não ser suficientemente bom, de defraudar, de fracassar, de ser egoísta, de estar equivocado. É uma das minhas prisões de que me quero libertar. Por isso te falo nesta ronda dentro de mim, corrida contra prisões, exorcismos contra os meus demónios, esperanças a favor dos meus sonhos, nostalgia dos meus passos perdidos ao longo do tempo.
Sanzalando
Medo, essa palavra sim me dá medo.
ResponderEliminarAcho que o medo existe quando não vemos o que devemos enfrentar, mas se vemos, o que pode nos bloquear é a nossa insegurança.
Prefiro chamar de precaução e é positivo ter precaução em tudo que se faz na vida, desde que não nos paralise.
Na medida certa é oportuno.
Seríamos mais felizes se nos atirássemos um pouco mais sem pensar muito, como fazem as crianças, elas parecem não ter muito medo de nada, será que é por isso que parecem tão felizes?
Uma feliz semana.
Um beijo.
"...e ter só um mundo na Alma."
ResponderEliminarQue expressão tão linda! Fiquei estupefacto! Deslumbrado!
Sei que não tem medo. Sempre tive essa convicção forte em si.
Qual, "the end"? Nunca.
E, as pessoas, as verdadeiras e autênticas pessoas que o admiram que leriam? Que fariam a esta hora do dia?
Eu passo aqui sempre por alguma razão. Sabe qual é?
Pura e simplesmente porque o admiro. Admiro a sua força. Admiro a sua persistência. A tenacidade. A ternura de carácter. A sua luta por um sonho.
Com muita consideração e estima.
Abraço.
pena
Gostei imenso deste texto.
ResponderEliminarUm abraço
Marisa