recomeça o futuro sem esquecer o passado

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16 de maio de 2007

...depois logo se vê

Vamos hoje ficar aqui sentados, saboreando o sol que nos bronzeia nesta quase sua hora de deitar, olhando a linha recta como quem quer ver mais longe que aquela linha recta que é curva e que parece ser a fronteira do mundo mas tem mais mundo para lá dela, ouvindo o marulhar desse zulmarinho nos segredar os seus chamamentos como quem ouve uma canção de amor.
E eu te falo numa voz surda como a te fazer recordar sonhos para fazer esquecer o futuro.
Falando nesse de futuro me lembrei que mais altura menos ano a gente chega a um ponto que muitos chamam idade senil, outros dizem-nos anciões, outros nos vão chamar de velhos, outros vão dizer é a segunda infância, outros ainda mais lhe vão chamar de terceira idade. Tantos nomes para esconder uma grande quantidade de prejuízos. São malabarismos da fala para não nos lembrar a verdade, a passagem do tempo, a saudade doutras eras, o final de um contrato honrado e penoso de apagar, os sonhos proibidos de ser jovem.
Nessa idade a alma ri de divertimento num sorriso de amor em que o corpo já não acompanha, e na calada da noite vez chegar a pena de morte iminente como a recordar-te que estás a chegar ao fim. Passas a noite e depois voltas a amar a vida seguindo o seu envelhecimento diário, lutando com amor pela vida que te dá dores.
Olha, assim num repente acabei de ficar triste por ver que a chama se pode apagar assim num apagão em que nem tens tempo de ver a luz que te bronzeia a se deitar para lá da imaginação, os sorrisos que te sorriem, os mimos que te mimam.
Deixa mesmo é chegar a essa idade que tem esses nomes todos e depois logo se vê.


Sanzalando

7 comentários:

  1. Velhote, Kota, também são nomes usados, mas não são "para esconder uma grande quantidade de prejuízos", mas sim sabedoria!
    Um beijo de mil cores, da menos kota,
    Anel

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  2. Uaaauuuuu!!!!
    "(...)nem tens tempo de ver a luz que te bronzeia a se deitar para lá da imaginação(...)"
    Quem escreve assim possui o segredo da eterna juventude.
    Gostei!
    SJB

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  3. Lutamos com amor pela vida que nos dá dores. É verdade! Quanta ingratidão dessa dona chamada vida.
    A vida é o que é, insensível aos os nossos sentimentos e nós somos carentes dela e teimosos por amá-la tanto.
    Ela continuará depois de nós e não parece preocupada como nós estamos.
    Amanhã o sol irá nascer e depois morrer e assim será para sempre "enquanto dure" e muitos não verão mas "ela" continua indiferente e feliz da vida.
    Quando for dormir direi à ela que ela não é tudo na minha vida.
    (minha pequena vingança) hehe!

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  4. Escreve com uma delícia de encanto.
    Quem escreve assim, merece sonhar sonhos eternos, pensar pensamentos bons, explodir com o que nem sei quantos nomes de velhice e, encarnar, transformar a vida, numa sensação única de deslumbramento jovem, lúcido, sempre bem lúcido e de magia sublime por existir.
    Admirável. Notável.
    E, a certeza plena, de perpetuação de uma vida feita sonho de criança pura
    Adorei, pode crer!
    Abraço.
    pena

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  5. Você já pensou em publicar um livro? Ou será que já tem um?

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  6. Viva Carlos:

    Pois... é por isso que penso que se deve aproveitar enquanto se por cá anda.
    A partilha descomplexada da amizade é um bom princípio.

    Um abraço,

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