Como sempre caminhámos juntos, vamos juntos continuar a caminhar neste final de zulmarinho. Sentir a maresia e despentearmo-nos com a brisa. Eu falo e tu caladamente me ouves. Falo-te as palavras que te quero dizer. Com sentido consentido no meu pensamento. Às vezes, vencido pelo sono, embobino-me em recordações, em imagens passadas vividas no futuro. Por vezes me aparecem imagens desconhecidas em lugares desconhecidos. Olho-te e tu fazes a tua cara de espanto, espantada com o meu espanto. Entro-me na razão e busco uma lógica explicação e tento explicar-te por olhares. Descompreendes-me ou mostras uma compreensão irracional. Foges do meu corpo estendendo-te sobre a areia das mil cores. Longa, mostrando-me o final da tarde com um sol timidamente a se deitar para lá da linha recta que é curva.
Se paro para lubrificar a goela com uma birra estupidamente gelada e loira tu fazes o mesmo nos teus tons de cinzento.
Regresso à minha realidade e sinto-me um duende de um qualquer conto de fadas.
Como eu gostava de voar ao dobro da velocidade da luz e, sem que notasses, abandonava-te ali na areia estendida e ia atrás do sol ver o coração da minha existência, bem para lá da linha recta.
Já te estou a ver com olhar desconfiada: sou sombra de um lunático - percebo-te na forma como te deitas sobre a areia, onduladamente preguiçosa. Respondo-te num silêncio ensurdecedor que não o sou - gosto de ter a capacidade de sonhar como criança carregada de inocência e infantilidades, de largar-me para agarrar o que quero tanto, que está ali à mão de quem semeia, ao mesmo tempo longe de quem lhe quer colher apenas o saboroso perfume de terra molhada.
Anda, vamos caminhar os nossos passos e beber os sonhos que nos trazem as ondas do zulmarinho, viver os nossos sonhos de amanhã já hoje.
Se paro para lubrificar a goela com uma birra estupidamente gelada e loira tu fazes o mesmo nos teus tons de cinzento.
Regresso à minha realidade e sinto-me um duende de um qualquer conto de fadas.
Como eu gostava de voar ao dobro da velocidade da luz e, sem que notasses, abandonava-te ali na areia estendida e ia atrás do sol ver o coração da minha existência, bem para lá da linha recta.
Já te estou a ver com olhar desconfiada: sou sombra de um lunático - percebo-te na forma como te deitas sobre a areia, onduladamente preguiçosa. Respondo-te num silêncio ensurdecedor que não o sou - gosto de ter a capacidade de sonhar como criança carregada de inocência e infantilidades, de largar-me para agarrar o que quero tanto, que está ali à mão de quem semeia, ao mesmo tempo longe de quem lhe quer colher apenas o saboroso perfume de terra molhada.
Anda, vamos caminhar os nossos passos e beber os sonhos que nos trazem as ondas do zulmarinho, viver os nossos sonhos de amanhã já hoje.
Sanzalando
Como é bom o sonho de uma criança!
ResponderEliminarPuro, belo, transparente.
Como nunca deixei de ser criança, compreendo-o perfeitamente.
O seu texto, deslumbrante como sempre, carrega uma existência de sensibilidade e encanto, próprias de um escritor que exige o meu sincero respeito e admiração, sempre.
As suas palavras ecoam como as palavras ternas e doces de uma criança. Como o entendo!
Um abraço de amizade sincera.
Com estima
pena