Semitapado com uma toalha, faz conta é manta, olho o zulmarinho esverdeado e barrento das ondas na areia, e me embalo de paixão em paixão sem chegar perto de umazinha. Não é vontade de sentir tristeza, não é enigma mental nem é para aumentar uma imaginária caixinha de surpresas.
Eu mesmo ainda não consegui decifrar este meu estar descompensado, esta tendência para o erro, este lidar complexo de coisas simples, este afogar de sorrisos como se tivesse medo de ser feliz. Acho ainda não me libertei de clichês com que um dia me rodeei por ser fácil ou porque ficou na memória o sabor doce que alguém deixou e que, por qualquer razão aparentada com medos ou pavores novos, eu não queira perder.
Cá vou seguindo eu de paixão em paixão, platónica, fechada na solidão das sete chaves, conversando com o zulmarinho e sem fazer grandes viagens para além da memória, procurando novos encontros, novos sonhos, novos caminhos, mas sempre tendo em atenção a velho caminho, o velho estado e a velha ideia primaveril da adolescência eterna como se estivesse num intervalo do filme rasca.
Aqui não me chega perfume de flores, apenas o sabor salgado da maresia. Aqui não vem mais que o tom azul do zulmarinho e não o quarto de corres garridas da minha infância.
Embrulhado na toalha, faz de conta é manta, me espreguiço em ideias novas, em sonhos novos mas a vista sempre a ver as coisas velhas como se nas entrelinhas dos pensamentos eu me escondesse dum verão que não sei foi eterno e acabou.
Sanzalando
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