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22 de agosto de 2013

ainda tenho tempo

Olha só o azul desse zulmarinho... um dia, qualquer dia, ele vai-se lembrar de mim, cada onda vai ser uma chamada, uma frase, um pedido, um querer falar comigo sem ter que marcar número ou hora. 
Olha bem que, pode acontecer que nesse dia, não me apeteça lhe falar, lhe ouvir ou até querer lhe ver.
Aí ele vai fazer ondas grandes, fazendo fugir gente que como eu lhe olharam dias, semanas, meses ou anos, e numa fracção de segundo, no tempo exacto, ele se esquece do caminho limitado da sua existência, e sai correndo por entre a areia de muitas cores e já não terá por perto os meus grisalhos cabelos nem a terra rodará em torno do meu eixo porque os meus pés já se foram para uma outra vida e já não terá o calor do meu abraço, a doçura da minha voz e a calma do meu ouvir.
Aí ele se vai lembrar do meu carinho, do meu sorriso infantil, dos meus sonhos de sabor a música, dos meus pensamentos com sabor a nostalgia , das minhas ideias com perfume de maresia e vai-me chamar em tom de sinfonia com a sua dor no peito e a sua falta de ar e o seu ar de lágrima vertida, com um ar carregado de saudade.
Olha bem na cor desse zulmarinho e me diz se não parece que ele hoje brinca numa divertida brincadeira com a minha cara?
O que lhe vale é que ainda tenho tempo de lhe esperar ele falar comigo.


Sanzalando

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