Hoje passo o dia sentado no camarote presidencial a ver o zulmarinho como se eu estivesse num teatro cheio de vida. A meu lado tem gente. Gente que fala, que ri e por ali alguém parece está zangado, irritado e ao mesmo tempo com ternura para consigo mesmo. Se vê nos olhos isto que eu tento dizer em voz baixa para não incomodar. Mais acolá tem gente que nem está aqui porque está como se não existisse. Morreram vivas e ainda não lhes disseram.
Já sei que o zulmarinho me está a estranhar eu misturar palavras em salada de temperos e temperamentos. Mas há dias que um pouco de azeite e vinagre até que anima o colorido azul deste zulmarinho que é paixão. É que guardar tanto soluço de palavras pode levar ao sufoco para não magoar ninguém. Mas uma ou outra onda mais assustadora até que anima a bancada vista daqui.
Por aqui continuo a olhar olhares e vejo que todos são tão verdadeiros quanto o é o quase. Riem, zangam-se, irritam-se, acariciam e insultam. Até parece eu não estou aqui, no camarote presidencial, rodeado de gente vulgarmente séria e culta que gosta de olhar, tal que nem eu, o zulmarinho.
Acho vou procurar um lugar isolado e lembrar o peso que sou, na importância que já fui e arranjar no meu peito um cantinho para juntar uma nova forma de ser.
Hoje o zulmarinho não tinha a mesma maresia nem o mesmo sabor salgado por isso não lhe entrei nem de longe olhei para a linha recta que me separa
Sanzalando
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