recomeça o futuro sem esquecer o passado

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13 de maio de 2020

se eu tiver futuro

Se eu tenho a arte de fingir que tudo está bem mesmo que esteja morrendo é porque não quero ocupar o lugar do morto. Nem no carro nem na vida. Não quero estar ao lado da estória nem de lado para ela. Às vezes me custa pensar que eu podia ser outra coisa que não esta que sou. Era uma desilusão, até mesmo para mim. Tenho medo de ser uma madrugada a anunciar mau tempo, por isso todas as madrugadas eu arrumo as minhas ideias e medito num futuro próximo.
Se eu tivesse a arte de contador de estórias eu inventa-me uma real para contar-me e viver. Não mudava a minha passada, dava era uns retoques na futura. Mas eu não seria uma personagem de ficção, daquelas que prometem e não sabem o que é cumprir. Eu mudava a minha personagem futura mas mantinha a minha pessoa presente.
Se eu fosse uma estória de interesse não teria feridas por sarar nem abcessos por drenar, eu era já uma estória acabada. Isso era eu ser já uma estória sem futuro. 
Deixem-me continuar a minha estória sem saber como é que ela vai ser, incognitamente histórico.



Sanzalando

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