Já tinha saído da minha cidade de Imaginação e parecia ainda eu estava lá. Chuvia-me e ventava-me como se fosse uma tempestade interior a revoltar-se contra a minha decisão de deixar a minha cidade de Imaginação.
Acho fez um ano que ela já tinha saída da minha cidade de Imaginação. Eu não aguentei este tempo todo com o sorriso na cara, com a felicidade no corpo ou com a alegria de estar vivo. Contorcia-me na saudade e eu não conseguia bailar ao vento, não tinha capacidade de sorrir os risos arrepiantes de ser feliz. Acho tinha-me deixado cair num outono de existência. No abandono que ela me deixou dava-me uma sensação de frio permanente, uma culpa formada de frios indecisos da minha existência, do vazio dum fazer nada porque nada havia para fazer. Um ano gasto a esticar as pernas num vagabundar interno entrecruzado pelo medo e heroísmo. Nunca deu para perceber porque alguém me dizia que o bom estava na demora da incerteza, no morar na indefinição e no percorrer os refúgios duma viagem nunca feita.
As ruas da minha cidade de Imaginação entrecruzavam-se no meu pensamento como se fosse um mapa em constante mutação enquanto a distância crescia a cada passo, a cada pensamento.
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