E na noite faz frio que me confirma eu estou no lado norte da vida. Lá no meu sul deve estar um calorzinho danado, uma noite de caminhar num picadeiro de lavar a mente das ideias absurdas e escuras da vida. Aqui está um tempo de recordar infâncias, memórias sofríveis e boas. Quem se vai lembrar dos joelhos esfolados da queda da burra na descida da escola comercial? Pelo menos eu, que sou um atractivo pescador de memórias sejam elas quais forem. Quem se vai lembrar daquela noite que choramingaste calado na noite escura do isolamento do quarto? Eu, que me lembro das vezes que ela fazia-me desconhecido de existência. Quem se vai recordar das reguadas do professor Amaral porque subiste nas casuarinas e atiraste pedras na janela da sala de aula quando andavas na segunda classe? Eu que ainda me doem as mãos de vergonha.
Mas hoje só quero recordar as coisas boas e nem me lembrar que também houve as outras como a noite dos copos em que vomitei até nascer o sol e só porque recebi um ordenado. Não quero saber das viagens de noite inteira até na Chela sendo que neste mês era ao contrário, elas vinham cá para o mar nos mostrar outro lado do mundo. Não faço a mínima ideia se fui excluído da equipa dos karts porque era um nabo dos diabos e culpava porque não tinha uma cunha. Não quero saber se no campeonato de hóquei eu não alinhava porque patinar feito artista não dava para meter golos que era o mais importante no jogo.
Hoje eu só quero recordar as coisas boas que me fizeram chegar até no hoje que sou.
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