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15 de outubro de 2004

RECORDAR (41)

28-05-2004 22:46
Forum: Liceu Américo Tomás
Estou sentado nos hexágonos que seguem a marginal mesmo caté ao Porto grande, onde tem cancela que só quem pode é que passa. Estou sentado a ver que o mar vai para trás e para frente como que tá a desafiar eu e ainda salpica água salgada para cima de mim. Ele ameaça chegar nos meus pés mas um hexágono antes ele vai de arrecua. Eu estou só sentado admirar ele. Como é que este monte de azul que parece a calma em pessoa de vez em quando desata a subir isto tudo e ainda vai atá mesmo na Minhota? Não pode ser este mar aqui. Vais ver de vez em quando ele vai de férias e fica outro aqui no lugar dele. Vou sentar mais vezes aqui e tomar conta para ver se não é como eu penso. Me lembro da casa do caminho de ferro, que ficava mesmo no fimzinho de onde acabou o alcatrão e que depois ainda fizeram o parque de campismo, e que a água desse mar mesmo ia regar as flores de mamãe, por isso ela não queria mais a não ser nas celhas.
Mas eu estou sentado aqui e esse mar de mar vai e vem suave como que acariciar essa barreira que os homens fizeram para ficar tudo mais direito. Mas se calhar vais ver ele de vez em quando fica zangado porque quer mais, quer mesmo ir no fundo da terra e não ficar ali, quer ter a liberdade de saltar e ir ver outras coisas mais que aqueles hexágonos que os homens fizeram. Mas não pode ser este mar que está a aqui nos meus pés, porque este é calmo mesmo. Sussurra um ruído que parece de prazer nos seus movimentos de vai e vem.
Já estamos em Maio e ele está ali sereno.

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