A Minha Sanzala

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23 de maio de 2007

E agora, se eu parasse de te falar?

Nestas caminhadas me aprendi, me conheci e te dei a me conhecer, mesmo que caminhes sempre pregada a mim.
Nestas caminhadas te falei de amor, de dor, do que ganhei e do que perdi, do que fui, do que sou e nunca do que serei porque nem eu sei.
Nestas caminhadas com sabor a sal e perfume de maresia, com música de fundo num marulhar do zulmarinho se esticando na praia como a querer mostrar que também ele cresce quando quer, não fizemos guerra nem com a vida nem com os dissabores, nem com as nossas prisões ocultas.
Quando nos apeteceu nos sentamos como seres adultos e maduros, falamos de êxitos e fracassos, de amigos e menos amigos, das coisas que nos fazem ser gente, sentir gente.
Alegámos na passada, sorrimos no descanso, aquecemo-nos na cumplicidade dos abraços que não podemos dar um ao outro.
Aqui perdemos. Aqui ganhamos.
E agora o que vai ser de nós se pararmos de falar?
Engordamos o cérebro com coisas não ditas, ficas fechada no teu silêncio sombrio sem saberes onde vou, como vou e com quem vou, se é que para algum lado irei.
Eu sei que na mesma me seguirias para onde quer que eu fosse, e estarias pronta a ouvir-me ali na hora que me apetecesse dizer-te os meus segredos. Mas não saberias juntar as palavras soltas, não te saberia ao mesmo.
E agora, se eu parasse de te falar?

Sanzalando

7 comentários:

  1. Não pode parar de falar e nem de tocar a música, são tão bonitas. Hoje não escutei.

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  2. Ela te acompanharia obediente no teu silêncio e esperaria sempre silenciosa até que mudasses de idéia.
    PI

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  3. Viva Carlos:

    Pois mas... "eu não falo de política". :-)

    Um abraço,

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  4. Se parasse de falar ficaria um silêncio incómodo de melancolia, aflição, prostação, de desamparo, de noites há espera de dizer alguma coisa sentida.
    TRISTE!
    Por favor, a palavra é sua.
    Não a cale, por favor!
    Abraço
    pena

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  5. you just keep me hanging on

    A CAMINHADA


    Que são palavras sem dor?
    A limitada emoção de ver teu novo cognome no ecrã
    não se compara
    ao ritmo bulímico da aceitação
    deste corpo,
    frágil e refeito em momentos
    resistente mas cicatrizado de simbolismos,
    tão perdido a tentar libertar um desejo
    que possa ser seu, um objectivo
    assumido.

    Foram olhares que não conseguiu retribuir,
    os únicos
    que poderiam deslizar pela lama das formas
    enregeladas mas moldáveis,
    prevalecendo uno com som puro e afinado
    como pardais ao amanhecer,
    jovens de braços soltos
    do ninho para as crostas até ao desalento.
    Somos meras amoras
    de tristeza banal fraca demais
    para se suster sozinha
    na mentira que é a nossa vida.

    Sim minha senhora
    quero e uso a educação para criar contraste,
    num fugaz relato de veias com sangue
    sem perseverança para colar as asas e voltar a contestar
    a ferida, nas canadianas de angústia
    é este o destino
    e todos fingem amar e não sabê-lo.
    As flores apontam o dedo ao fumo das secreções
    pois sabe bem ser falso optimista e
    rotular a morte que todos alimentamos.

    É vício, ilusão inebriante atropelada de
    glamour amolgado nas lajes do tempo,
    todos te conhecem e se perdem em ti
    ou ficam ociosas crianças no hábito de
    corda ao pescoço e telecomando à mão,
    afogados nos lençóis escorregadios da espera
    de ver, um dia, a face idílica da epidemia
    sussurando o bilhete da passagem proscrita.
    Sei da condição, sinto-a a provocar-me
    para a partir em pedacitos miseráveis quando assim fôr
    a última forma de expressão
    possível.
    2003
    IN FOTOSINTESE





    WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM

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  6. Seria como quando olhas para o mar e ele nem ondas te dá, confundindo-se com lago.
    Se te debruças no lago não vês a tua sombra. Tas de caras com a tua cara.
    Se olhas pra longe não vês a linha. Tudo se resume ao que te rodeia.
    Sentes beleza e tranquilidade.
    Mas precisas da agitação da onda para sentires que ela vem do outro lado da linha em viagem de ir e vir , trazendo e levando reciprocidade e cumplicidade duma vida comum em qualquer praia que estejas...
    Abraço
    Conterra

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  7. Ela continuaria , surdamente , a ouvir-te no teu subconsciente.

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