A Minha Sanzala

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28 de maio de 2007

Medo?!

Sigo ao ritmo das palavras. Tu segues-me, presa. Ouves-me como quem bebe cada ideia, como quem vive cada estória, como que a queres fugir de ti. Se calhar tens medo de ti, assim que nem eu tenho medo de mim.
Medo?!
Esse medo de não ter tempo. Medo de ter deixado passar ao lado. Medo de a ter na mão e com ela aberta, tê-la deixado voar.
Caminhamos sem olhar para trás mas tendo presente as recordações. Caminhamos num vai e vem nos altos e baixos da vida, sem pressas mas com medo de ter o tempo como limite.
Caminhamos a respirar a maresia como quem respira o ar húmido que sufoca no calor com entra no corpo.
Caminhamos com os olhos postos no zulmarinho como quem olha para ela, apaixonadamente bela, traiçoeira como todas as paixões.
Sigo os meus passos de palavras. Tu segues-me presa na ideia fixa duma paixão.
Vemos o cintilar das notas duma guitarra feita de lata pairando sobre nós acreditando que cada estrela é um olho que nos guia, um sul, um norte. Às vezes com o olhar toldado por lágrimas secas de saudade não as vemos e sentimo-nos desnorteados, mas caminhamos rumo ao destino traçado num tracejado de imagens reais, amarelecidas pelo tempo que o tempo da chuva lavou. Outras vezes, com olhos de ver ao longe, vemo-la tão perto e tão nítida que até apetece esticar o braço e lhe tocar, acariciar como se fosse o rosto de uma criança.
Caminhamos juntos mesmo quando sigo os meus passos de palavras sem retorno.

Sanzalando

3 comentários:

  1. Hoje falas sobre o medo.
    Eu hoje falo sobre o tempo.
    Interessante coincidência.
    bj.

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  2. Viva Carlos:

    A coisa que mais desejo é que disfrutes plenamente dessas tuas "caminhadas".

    Um abraço,

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  3. Quando fala em medo, confesso que, às vezes, tenho medo. Pavor. Tenho medo de ignorar e desrespeitar alguém. Os seus sentimentos. As suas palavras. As suas sensibilidades. Os seus pensamentos.
    Tenho muito medo de não acreditar no que sou, na fidelidade à vida do que sou. Não sou um pessimista. Não me considero assim. Considero-me amar a vida e as pessoas. Nos seus gestos, das pessoas, descortino sempre boas intenções. É, por isso, que as amo e não quero nunca ferir. Magoar, de geito nenhum.
    Isto não me passa.
    Com estima.
    pena

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