Pedalava eu pelos caminhos dum esquecer que o mundo é mundo e outras coisas mais, quando me entrou no ouvido um sussurro a dizer que hoje é Dia da Mãe.
Eu sei, que antes de lhe levarem para um canto inesquecível da minha memória, eu lhe fiz doer a cabeça, lhe acinzentei muito os cabelos que ela teimosamente pintava para não me assustar com o tempo que passa, lhe causei lágrimas de dor de alma e saudade, lhe tirei sonos que mais que ela merecia dormir. Mas para mim é todos os dias são dia da Mãe. Porque quando não lhe fazia nada disto, eu lhe fazia rir de coisas sérias que eu não brincava, lhe alegrava o ego de ir mais além do que ela mesmo tinha imaginado, lhe provocava um babar de satisfação quando por portas e travessas alguém lhe era simpático e lhe me elogiava. Todos os dias eram Dia da Mãe, dia da minha Mãe.
Depois, cansada de coração fraco, lhe levaram num dormir que não deu em acordar e lhe repousaram num canto inexpugnável da minha memória, onde lhe trago em cada instante ou lhe busco quando lhe preciso.
Um dia, Mãe, eu te vou levar onde tu foste feliz! promessa do teu filho, que por agora vai pedalando pelos caminhos que um dia desenhou no imaginário da vida.
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