Era ainda uma criança quando me lembro que me apaixonei de morrer. Era imaturo e inexperiente, usava calções e sandálias, joelho esfolado de brincar na rua mas escondidamente estava apaixonado. Não disse nada a ninguém e todas as músicas que ouvia eu lhe dedicava em silêncio. Acho ela nunca soube que tinha roubado o meu coração de mim. Mas me olhava e parecia feliz. Imaginava eu, porque nunca nos falámos, nunca trocámos mais que um olhar. Era a minha primeira morte de amor. E foi assim num silêncio solitário que também fiz o meu primeiro luto de uma amor que devia durar para a vida toda.
Outras paixões foram aparecendo. Cada uma aparentemente mais mortal que a anterior. Sobrevivi a tantas mortes de amor que se houvesse borboletas no estômago como me disseram, eu estaria morto por casulos a me ocuparem todo o meu interior. Morto de amores e morto por amor.
Afinal de contas é bom morrer de amor. Por isso morri todas essas vezes incontáveis que eu sei de cor.
Sanzalando
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