A Minha Sanzala

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29 de abril de 2007

Caminhar sem destino

Vamos caminhar neste caminhar sem destino directo, sem rotas, sem caderno de viagem. Caminhamos para o futuro, olhando o passado e vivendo o presente, assim num como quem não quer a coisa.
O zulmarinho e a sua maresia nos dão sensação de liberdade, o seu gingantismo nos mostra a nossa pequena existência, a areia, que lhe trava, marca os nossos passos como que a dizer que estamos aqui.
Eu falo-te de coisas de memória, palavras saídas do coração, sem filtros nem marcas que te digam que eu as disse. Falo-tas por falar e porque sei que mesmo que não me ouças tu estás aqui como se as ouvisses.
E a memória trás consigo uma chama de fogachos da vida, sinais da saudade, cumplicidades e outros simbolismos que se notam na marca de qualquer algodão que incendeia os meus passos, cinzas de recordações tristes e alegres. Um caminhar já caminhado.
Pode parecer um inferno olhar os passos já dados, gastos no número de passos que a vida tem, sem saber quantos passos ainda há para dar. Mas aqueles passos têm também a marca nostálgica dos passos dado na adolescência, na incerteza dos passos do futuro, nos caracóis do vazio abismo do futuro.
A memória leva-me, em passadas largas, para lá da linha recta que é curva, semente da minha existência, adubo de mim no hoje que o agora já foi.
Caminhos da memória que nos levam ao precipício do futuro velado da verdade.
Se eu tenho memória é porque eu dou passos em direcção ao futuro e tu me segues seguindo o teu futuro.
Olha, como é domingo, vou parar para beber uma birra loira estupidamente gelada, não para me refrescar a goela, mas só para saciar a sede de amanhã.


Sanzalando

3 comentários:

  1. Este caminhar sem destino expressa de forma bem visível um sentir da alma. Escreve com ideias sóbrias carregadas de uma emotividade surpreendente. Os passos incertos dados, a saudade de uma coisa muito significativa parece-nos estar a compartilhar consigo as situações que o envolvem e fezem parte integrante de si. Os seus olhos parecem sentir. Parecem respirar. Parecem viver. E, vivem, traduzindo com sensatez o que você é. Parabéns! Adorei.
    Abraço
    pena

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  2. Carlos :

    Já me não surpreende o TAMANHO
    dessa tua ALMA africana !

    O que me surpreende é a CORAGEM com que expões (oferendando) as entranhas da tua profundeza !

    BEM HAJAS !

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  3. Viva Carlos:

    Tenho a minha opinião sobre o que escreves lá no Estados Gerais.
    Boa semana.
    Um abraço,

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