Olho lá longe, onde a vista mesmo não alcança e só lá chego pela imaginação, e me sinto como se estivesse carregando uma carga enorme de entulho, de lastro afim que a minha cabeça não levante voo e numa qualquer distracção se estatele no chão da realidade. Nunca me importei com guião, mapa ou programação para as minhas caminhadas mentais, com isso carreguei-me desse peso que não me trai na consciência, talvez uma ou outra migalha possa lá cair, e vou cada vez mais limpando os ruídos que fui encontrando, os cacos apanhados de pensamentos não pensados, numa palavra, vou-me limpando da sujeira mental acumulada, às vezes num grande esforço porque se calhar vou precisar num futuro, outras porque sabe-se lá o que pensarei amanhã.
Eu me esforço, na visão e na imaginação, na vida e no repouso, mas há sempre aquela coisa subconsciente que o pensamento pode estar errado ou tem um ligeiro defeito que é preciso limar. Portanto, limpo e limo os meus pensamentos para aliviar o lastro e se calhar faz-me falta poder voar sobre mim, sem entulho e sem me preocupar com os cacos.
Estou encantado de ser feliz. Estou encartado para me guiar num tudo vai mudar e o que me resta de entulho o tempo o vai biodegradar.
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