recomeça o futuro sem esquecer o passado

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15 de junho de 2023

num qualquer hoje

Hoje não apetece caminhar, ir ver o zulmarinho, apanhar brisa ou simplesmente marinar o pensamento. E se eu hoje não sair da cama já que olhando em volta não tem mais sitio para ir? Não estou nem afim de conversar conversas moles de sobre vida ou sobrevividas teses de ontem. Não ia ser agradável a minha companhia. Ir falar do Aero-Club, do Clube Náutico, do Cardan, do  1-2-3 do Bagarrão mais 2, lugares de remediados para cima e esquecer o Mamedes, a Minhota ou o Forte de Santa Rita? Afinal de contas estes eu nem conheço pois na minha idade estes últimos ficavam um pouco depois do fim do mundo. Sair só por sair, ter trivial conversa de encher tempo que depois nem vou lembrar, não estou nem por aí virado. Acho que hoje vou ficar assim em modo piloto automático e falar-me de coisas construídas na minha cabeça, nos meus fantasmas. É curiosos que ao escrever fantasmas eu entrei numa alegoria de passado que parece ter sido mal passado. Mas não, foi tudo feito à temperatura correcta, no tempo certo e na felicidade do tempero ideal. Onde estão os meus fantasmas senão na interpretação abstrata da minha equinocica equação? Eu sei que fiz tudo por esquecer o que correu menos bem, o que cicatrizou mais feio, apaguei os parágrafos mal escritos. O Sol e ângulo da terra, segundo o Dr. Coutinho, num pica a burra, deve estar entre os meus integrais passados e a raiz quadrupla da razão de eu ser.
Hoje não me apetece falar de coisas nem de imaginações fantasmagóricas. Todas as palavras têm um significado e este leva a um pensamento, este a uma dado momento e este a lugar. Dá muito trabalho. Hoje não dá para isso. Hoje vou ficar mesmo na ronha, deixar o meu lado psíquico em paz, dar-lhe descanso para pensar em segundo plano porque eu não quero nem pensar.
Acho ontem eu caí da mesa alemã nos treinos para um sarau qualquer e não me lembro.


Sanzalando

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