Sentado num dos arcos da praia das miragens, agora que é cacimbo, as sereias não se põem nos seus biquinis a apanhar sol, nem o todo azul se vai abrir por aqui, eu me delicio só a olhar o zulmarinho. Quem vê pensa eu sou um zero de fazer o que quer que seja. Mas eu me sinto uma fábrica de pensamentos a rodar na minha fábrica mental que até os rolamentos aquecem que parece tem calor de sol.
É, tem gente que desconsegue alcançar o amanhecer, porque fecham todas as janelas e persianas, cortinas e ainda põem óculos escuros e se abafam na obscuridade do pensamento, deixando a escuridão se entranhar em todas as células e até nos cacos de pensamento partidos que conseguem deixar cair das células mentais. Tem gente que devia sentar, só sentar e ver o zulmarinho, deixá-lo tomar conta do corpo, assim num olhar sem barreiras ou filtros. Rapidamente iam ver que não estão mortas nem vagabundam num corpo vazio.
É, também tem gente que mesmo assim ia ficar a dizer que o cacimbo lhes não deixar cheirar o zulmarinho. São aqueles que gostam de gostar, mas provocam dano só pelo prazer, num enigma mental ou desesperança existencial.
Aqui, nets dúzia de arcos, não faço questão se é no primeiro ou no último, eu deixo a minha mente ir atrás dos meus pensamentos na sua liberdade total. Quando for verão, estarei estendido na areia, livre de corpo são e mentalmente voando por caminhos de migração orientados pelo eixo da terra, ou simplesmente ritmados pelo bater do coração.
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