Quem não me conhece pensa sou alma perdida vagabundando neste mundo feito fantasma. Tem vezes que sou fantasma de mim mesmo. Me olho de fora de mim para ver onde estão os meus defeitos e as minhas virtudes. Outras vezes para além de fantasma sou cego. Olho-me e não me vejo. É por estas e por outras que ando por aquis, perdidamente localizado, para ter um conhecimento profundo, de mim e do que me rodeia. Se conseguir saber do que está longe tanto melhor.
Imaginemos que eu agora virava fotografo de mim. Não para fazer selfies ou autoretratos ou fotos estilizadas. Mesmo só para fotografar os meus melhores ângulos, poses de sorriso magicamente trabalhado, instantes únicos e irrepetíveis. Não tinha fotos para uma exposição. Muitos dos meus actos não têm a luz perfeita ou estão escondidos na penumbra da vida. Não era captada a forma formosa da essência, o brilho da alma posta, o significado e o desinteresse colocado.
A fotografia não tem perfume, não tem mosca nem sentimento. É o instante. Toda a envolvência se perde no eter, no vazio do momento, na raiz do acto.
Sim, eu sou esse vagabundo que se perde em fantasias de uma alma feliz.
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