A Minha Sanzala

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27 de julho de 2023

daqui

Lá no alto, onde não consigo sentir a temperatura da água do zulmarinho, protejo-me do vento que sopra vindo do norte e me empurrando para o meu sul, vejo tudo parece miniatura, tudo parece é maquete se não fossem as palmeiras dançarem ao som do vento que lhes abana. Elas dançam pelo música das suas folhas ou apenas abanam pela força do vento? Se é do vento te vou dizer que é um vento ousado que quase lhes parte o tronco. 
Não sinto o pó soprado porque neste abrigo não tem areia para ser levantada, é o meu castelo de imaginações e outros delírios, é o meu refúgio onde guardo os meus sonhos e desejos.
Daqui me lembro dos seus cabelos compridos lhe cobrindo a cara nos dias adolescentes de outras eras, de outros ventos. Daqui vejo na memória a sua elegância num andar parece foi estudado ao pormenor. Daqui me lembro das nossas conversas e planos dum futuro que não foi construído como planeado, porém totalmente desigual mas não menos feliz. Daqui me atiro palavras que às vezes parecem sem nexo, nuns cânticos improvisados na tentativa de fazer um hino ao passado que mais não me é que um presente que já foi vivido. 
Daqui, desta minha fortaleza, não me falta alegria em ver o horizonte, linha recta que se curva num perímetro esférico de imagens e sons recordados. 
Se eu não estivesse aqui ia estar mais onde a rever-me no tempo que não para nem se congela, que não se afia nem se espeta como farpa na adolescência se quer desaparecida ou apagada?
Daqui sou rei mesmo não sendo monárquico, presidente mesmo não tendo país, dono mesmo não tendo mundo. Daqui nem o vento que faz dançar as palmeiras me apaga a memória ou me eleva o futuro. Daqui sou quem manda nas ondas, sou eu quem manda na vida.


Sanzalando

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