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25 de julho de 2023

viagem ao planalto 10

Bem, vou aproveitar o tempo e vou no salão de cabeleireiro da tia Clara e corto o cabelo que ele assim já me tapa a visão. Ela tem paciência para me aturar e ainda dá gargalhadas que me fazem rir. 
Cabelinho cortado, todo aprumado dou um salto no Rádio Clube e vejo se está por lá o David Borges a fazer o seu programa de música e às vezes em directo doutro lado qualquer. Um gajo de férias escolares tem de ocupar o tempo com qualquer coisa, pois se não dá saudade e vou desejar ter aulas e isso não é saudável, pelo menos para mim que desejo estas férias desde o ano passado.
Nada. O Carlos Meleiro é que está de serviço. Ele é mais velho. Ele é do tempo do meu pai. Me recebe eu parece sou filho dele. Fizemos festa e até me deixou fingir ser o sonoplasta dali. Ele me convida para o programa da quinta feira à noite desde lá do Casino da Senhora do Monte. Que digo que sim sem saber se me deixam ir. Ser criança tem estas desvantagens de sair à noite para longe. Nem por sonhos me meto sozinho pelo carreiro até lá na base da Serra. Então é que era chegar feito defunto de palidez.
Mas quinta feira ainda não é hoje e logo se arranja maneira de ir. 
Cheguei na casa da tia. 
- Almoçaste? 
Eu disse sim sem mesmo ter ouvido a pergunta pois estava a mentir e assim eu não sei se menti ou não. Vagabundei pelas ruas do Lubango, nas minhas férias grandes e inda ia levar no focinho porque estava a mentir? Não. Fui na cozinha, comi pão, enganei a barriga e voltei na rua para passear mais um bocado. À tarde fui na loja do tio Honorato. Depois fui espreitar o Colégio das madres mas como é férias não estava ninguém à janela. Visitei a tia Mariete e voltei para a tia Eugénia. Me deitei na cama que é onde é que era o armazém da mercearia no tempo que o tio Artur vendia tudo e mais muita coisa. Está mais fesco aqui do que andar pelas ruas feito mirone de mulheres lindas que não andam na rua a esta hora. Nem Combinado nem Flórida tem gente a esta hora. Na Tirol tem os habitais jogadores de bilhar que fazem alguma coisa menos trabalhar. Eu aqui não me meto pois é tudo gente mais velha e têm mau perder e há sempre zaragata se puto faz brilharete. 
Aqui, refrescando a mente a pensar na Ana, nas Anas ou numa possibilidade de ir a Pereira d'Eça à casa do tio Néné. Será que vão me deixar ir? Eu gostava mesmo sabendo que para lá chegar eu passo muitas horas na carrinha do avô e o avô não é um às no volante. Eu não conheço, só de me dizerem que é pequenina que nem cidade devia ser. Mas eu estou de férias e preciso ser mais culto e quem viaja tem cultura. 



Sanzalando

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