Oi, Zé, como é que tu estás? Hoje é daqueles dias em que a minha bússola não sabe onde é o norte. Estou aqui a escrever-te uma carta e ainda nem sei porquê. Só sei mesmo que estou em dia que não apetece nem pensar. Hoje, se tivesse lugar marcado eu nem o ia encontrar. Estou desavontado, desengovernado e abdicado de mim. Deve ser vento leste, se me lembro dos dizeres da minha avó. Te digo mais, Zé, se hoje tivesse obrigação desobrigava-me todo.
Sei que podia estender a toalha na praia, deitar-me, fechar os olhos e dispensar pensamentos vazios. O tempo ia passar e esta desvontade ia com ele. Mas como não isso eu tenho a certeza, acho que vou ficar aqui a olhar, somente olhar sem ter a preocupação de ver, assim num faz de conta que não ia perder tempo num desver da vida, destropeçar nas rasteiras que preguei ao longo dela.
Pois é Zé, dizes que a vida é injusta, que nos oferece uma resma de coisas mas quando damos por ela tudo já se foi, até o ingastavel tempo. O girar perpétuo se lentifica segundo as leis da física e a química diz que hoje não há umidade no ar, humanidade nos cérebros, solidariedade nos corações, racionabilidade nos cérebros. Hoje vou ficar só a olhar e se algumas palavras ouvires, Zé, não fui eu que disse foi a minha desvontade de pensar.
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