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20 de julho de 2023

viagem ao planalto 6

Perdido nestes pensamentos de ser criança sem vontade de crescer e ser tão coisinha me lembrei que eu mesmo estava com olho numa ela e ainda não lhe tinha procurado. Não devia ser muita a vontade. Mas amanhã vou procurar a Aninhas e ver se ela ainda não encontrou outro amor da vida dela. Este planalto é assim nestas idades? Comecei a lembras recordações intemporais, as fugas para as festas da Senhora do Monte de outros anos em que ela e o irmão alinhavam connosco e assim tínhamos trocado olhar, tínhamos piscado olhos com corações aos saltos. Os pensamentos pareciam uma tapeçaria persa feita em ponto não sei quê. Eram nós uns atrás dos outros e eu não queria ter a vida enlaçada nos cruzamentos de linhas. 
As primas chegaram, alegres e contentes cheias de estórias e risos que me pareciam marotos. Eu esboçava sorrisos pálidos como quem entendia que elas eram felizes nos amores. Adolescentes!?
De facto eu ia apresentando uns sintomas dessa fase da vida. Fugia deles mas eles insistiam em aparecer-me. Na cidade do deserto eu tinha um amor tão perto e ela não sabia. Aqui eu ia ser espevitado e ela ia saber. Eu estava a sair da casca, me dizia.
O ar pesado da altitude fazia o seu ar de graça e eu me sentia uma desgraça, cansado e sem fôlego. A noite chegou e como ainda não havia festas da Senhora do Monte eu não ia sair à noite. Na casa da tia não tinha amigos perto. Eles estavam na Lage e isso era longe para o puto fazer isso à noite.
Vou até ao picadeiro. Elas normalmente passeiam à noite até cerca das 10. A minha tia me deixa sair e a minha irmã de certeza quie vai com as primas. Elas não me querem nem perto.
Jantei, fiquei a ouvir as estórias do Tio Artur, as gargalhadas da tia Eugénia e quase adormeci no colo da prima Céu.


Sanzalando

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