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8 de julho de 2023

silêncio

Estendo a toalha na areia de tantas cores e que tem dias me escalda os pés, o que não acontece hoje, e medito com o olhar atirado no zulmarinho. Quando estou triste apenas ouço o silêncio da minha tristeza, assim ela fosse uma cortina isolante que me isola do mundo. Hoje não ouço nem o marulhar das ondas a se espraiarem na areia mas os mil sotaques das pessoas que enxameiam a minha solidão arenosa. Ouço apenas os meus medos, o grito das minhas saudades, os pontos negros dum passado maioritariamente claro. Tem dias que mesmo em luta a tristeza se sobrepõe. Deve ser para eu me ver melhor, me sentir no todo e me ouvir neste silêncio. Olho o zulmarinho a se espraiar em silêncio, constante vai e vem de filme mudo em que nem o piano se faz ouvir. 
Na verdade, aqui deitado, recordo-me que não consigo dizer adeus a mim que foi criança, adolescente e que ultrapassou tudo, sorrindo e que de vez em quando se ensurdece de tristeza passageira para melhor se conhecer.


Sanzalando

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