E conforme iam subindo as hormonas, o pelo da barba aparecendo em várias mesas de sueca como pequenos tufos imberbes, a cabeça foi-se ajuizando no conjunto de regras quase leis mentais e a voz foi-se adultizando que até já conversava com mais velhos sem ser das futilidades do dia a dia.
A esplanada continuava a seu esse pequeno defeito assim como as partidas de bilhar a seguir ao almoço. Mais velhos batotavam e os mais novos em alta berraria jogavam ao perde paga ou a pino.
E nesta amalgama de crescimento e ajuizamento foi-se acrescentando um coração lacrimejante de amor. Nada de anormal para a idade, digo agora eu. Mas na altura eram tempestades mentais que me levavam a fugir para cidades várias, desde a Imaginação e à de Fantasma, bem como outras de menor dimensão e menos populosas e expressivas no divagar da vagabundagem mental. Tudo parecia correr mal. A água salgada que chorava em silêncio eram de dor silenciosa, uma dor de sabor a mar. Na verdade era uma semana de paixão e de dor, alternando com alegrias tintas. Cada vez mais dizia-me que assim, solitário e obscuramente apaixonado, era um modo de vida que eu tinha escolhido. Mas mal sabendo que esse amor não era correspondido todo o castelo de defesa se desmoronava tal qual um castelo de cartas e lágrimas. Assim eu tinha decido que jamais compartilharia o meu coração com quem quer que fosse. Uma semana durava a jura. Entregava de bandeja o meu coração e não calhava à correspondência. Afinal de contas eu queria dar mas desconseguia entregar o coração a quem quer que seja.
O crescimento devia ter sido travado porque um homem não devia sofrer assim. Pensava eu todas as noites, mas todas as manhãs lá voltava a sofredora normalidade. Será que amarei assim perdidamente sem correspondência ao longo da minha longa vida? Tantas vezes este pensamento ocupava as minhas horas cada vez menos livres.
Passei a ser bom aluno e trabalhava. O mais jovem operador de som e com futuro promissor, poenta e sofredor. Tanto verso chorado, tanta canção serenatada nas noites de luar. Eu não cantava, eu servia de osso no caso de haver cão. As violas eram do Amorim e Mané VP. Eles eram josé Afonso, Adriando Correia, Sergio Godinho, eu mesmo, e deslembro mais quem.
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