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6 de abril de 2021

primaverou-se o cérebro 16

E tua não havias modo de aparecer. Descarregar mobília, trazer coias, mas pessoas ainda nada. Eu me pensei que fui só enganado a ouvir o que queria ouvir e não a ouvir o que de verdade disseram.
Eu ali te esperava, eu pensava tinha tanto para te dizer e não sei se sabia as palavras ensaiadas tantas vezes na minha cabeça. Eram doces as minhas palavras. Eram música os meus pensamentos. Era tremideira o meu corpo. 
Eu tinha tanto para te dizer nas boas vindas à rua novamente movimentada que não sei se tinha palavras para dizer o tamanho do sentimento que eu sentia.
Ainda hoje, tão longe daquele tempo, eu consigo ver os meus lábios ficarem colados e calados por falta de palavras que queriam vir para a rua. Mas isso é hoje e eu ainda estou lá, na minha cidade Real com uma vontade enorme de fugir para a minha cidade Solidão.
De todos os meus péssimos defeitos até às minhas melhores qualidades o que eu sempre detestei foi ser desgostado. Eu te gostava e muito e não sabia o teu gosto por mim. Acho eu te desgostava dessa forma de amor que eu pensava existir em nós. 
Por uns agoras fugi para a minha cidade Solidão, escondendo-me da ansiedade de te ver chegar, de me afastar dos tropeços mentais que as minhas pernas sentiam ao caminhar por frente à tua futura casa a ver se tu já lá estavas. Eu precisava de te sentir ou ver.
Aqui refugiado eu revi onde tinha falhado. Desde a casa da praia de que me lembrava vagamente de uma ou outra coisa sem conseguir pôr num calendário em ordem até aos dias daquele hoje eu me revi a ver as falhas. Eram muitas mas não merecedoras de tantos não. Ajudei na missa ao senhor padre até me convidar a não voltar quando uma vez eu tropecei no fato que me vestiram e era comprido e a água e o vinho se espalharam no altar e eu ria que parecia estava a ver um filme do Charlot. Tanto ri que o padre Noronha com a voz parecia era trovoada me disse sai e eu sai para não mais voltar.


Sanzalando

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