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4 de abril de 2021

primaverou-se o cérebro 14

Assim fui passando a idade de aprendizagem. Idas aos liceu onde passei a ser até bom aluno. Tendo levado porrada por ter dispensado do exame do 5º ano. Sério.
Cheguei em casa e mãe perguntou:
- Saíram as notas?
- Sim. Dispensei de exame! respondi secamente ao mesmo tempo que fui para o meu quarto deixar as lágrimas saírem pela cara, mais uma vez por coisas de coração. Ela me disse que eu não tinha ficado no Quadro de Honra e ela sim. Me deu uma tristeza que até hoje ainda dói só de lembrar.
Minha mãe não sei que é que pensou, se meteu no carro e foi no liceu confirmar. Eu não adivinhei, só dei por ela quando ela entra no quarto passado algum tempo e me deu uma chapada com as suas lágrimas de pensar que eu a tinha enganado. 
Mas tristeza durou como sempre, aquele tempo necessário para eu ir na Oásis e jogar bilhar. 
Mas quando é que foi que eu disse que lhe gostava? Nunca. Porque é que ela me ia atirar assim do Quadro de Honra? Descompreendi. Eu lhe devia dizer que não conseguia viver sem lhe ver mas apenas virei as costas e fui para casa chorar.
Com tantos planos para a uma vida, logo eu iria fazer um para mim que passasse por ela. Escrevi Cafrondi, mais uma sebenta vermelha de poemas meus que lhe fiz e por acaso lhe dei. Nunca percebi onde lhe fui buscar o nome mas de certeza eu queria dizer me confundi e lhe entreguei sem fazer cópia ou saber se quer o que estava a fazer. Dei com sentido amor. Só de dar.
Podia ter passado aquela fase de aprendizagem sorrindo, disfrutando os momentos de grande alegria, amar o mundo num todo e não só numa menina que não adivinhava que eu gostava dela. As outras eu esqueci e não sei me esqueceram ou não. Perdi o máximo para tentar conseguir ser feliz com aquele mínimo. 
Afinal de contas a vida é isso, um capítulo de cada vez. Eu ia aprendendo sem ter usado o piloto automático. Era no físico mesmo, nas mágoas e cicatrizes da alma ferida neste combate desequilibrado. Eu perdia, para variar.


Sanzalando

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