A Minha Sanzala

no fim desta página

26 de abril de 2021

primaverou-se o cérebro 34

Hoje fim de semanou e o calor aperta pelo que quase madrugada. Ainda não eram 9 horas e já estava eu na praia na proximidade do lugar que tu e os teus pais vão pôr o guarda sol azul. É sempre mais ou menos aqui. Mas mais lá para as 10 e tantas é que chegam. Eu vou desansiar e assim caminho desde a ponte que é velha desde que eu nasci até no estaleiro, que fica para lá da casa onde eu vivi nos andos em que eu não me lembro. Cabeça a olhar na areia como que a procurar algum tesouro ou apenas para esconder o meu olhar de quase morto, fantasma da cidade do Amor. Nem eu sei porque caminho assim, escondendo os meus olhos que têm sabor a mar pelas lágrimas que vertem só por saudade dum agora que é constante. É só uma questão de tempo. Eu te esquecerei como te esqueci já tantas outras vezes, sempre fui assim. Lembro-me apenas porque me mostram fotos tuas e aí, como um despertador, me lembro de todos os abraços, todas as carícias, todas as palavras, tudo o que tínhamos para fazer e não foi feito. Porque nunca tivemos coragem para nos falar de nós?

Caminho me lembrando de todas as ilusões que ainda vão aparecer no meu caminho e eu solitáriamente direi para mim que eu fui apenas mais um amigo para ti. Defendendo-me.

São tantos os que mostram ser teus amigos que eu até da minha sombra me despego por ciúme.

Não sei quando sentirei o teu perfume, quando respirarei o teu ar ou quando me abrigarei dos teus ventos, se alguma vez tu me olhasses como eu te vejo.

Caminho desde a ponte até ao estaleiro de cabeça baixa procurando um tesouro, dentro de mim. Faço o caminho de regresso a olhar para ver se a tua sombrinha já se aponta ao céu.

Na verdade este meu amor é bem maior que eu. Se não o fosse eu já te tinha esquecido, tinha caminhado noutra direcção, tinha visto outras fotos e não tinha acordado para ti.

Te amo mais que ninguém, não existe maior amor que nem o meu. Quantas vezes já ouviste isto noutras vozes e em surdina?

Caminho com olhos a saberem a mar, ou será amar?


Sanzalando

Sem comentários:

Enviar um comentário

Podcasts

recomeça o futuro sem esquecer o passado