A tua mãe me convidou para entrar. Entrei na casa que eu já conhecia dos antigos moradores. Mas foi como que a primeira vez. Eu tremia de vergonha, timidez ou medo. Fosse hoje eu sabia me comportar. Naquele dia era tudo novo e eu nem sei onde por as mãos ou colocar os pés. Acho eles me atrapalhavam só de estar dentro das sandálias.
Coincidência ou sorte dos deuses que uma lâmpada fez pum e se foi. Me prontifiquei a lhe mudar. Claro, experiência e conhecimento de ver era muita, de fazer nem por isso. Mas de escadote lá fui ber como era o candeeiro, Desci, fui a casa buscar o busca-polos que serve de chave de fende e protege do choque. Truque que aprendi nas minhas horas da rádio com o Sousa Santos ou terá sido com o velho Velim?. Não interessa porque foi com um deles. Desarmei o candeeiro e lá troquei a lâmpada. Subi na pontuação da senhora que eu imaginava um dia ia ser a minha sogra, só que ela ainda não sabia.
Bebi um café, conversei, falei das minhas notas e do que elas tinham mudado. Eu parecia era um senhor. E fui falando e mais ouvindo. Parecia estava a dar recados de que devia defender a filha e coisas e tal. Eu só pensava como que é que eu vou sair desta tremideira com que me sinto. A menina falava comigo com doçura que eu nunca tinha visto. Ali era ela que ia se declarar a mim, imaginei. Eu tremia e desconseguia pensar. Estava a ser bom demais e eu não conseguia assimilar tudo e pensar no eu que estava ali quase morto. Vergonha não mostrava mas timidez era acentuada e parecia estava a me toldar a mente com cacimbo de inverno.
Delicadamente sai tendo levado dois beijinhos da senhora mãe.
Esta noite eu não vou dormir. A mãe dela já deve saber o meu gosto pela filha. Como é que vai ser amanhã no liceu?
Adianto que passei a noite a repensar e a rever a conversa da futura sogra que eu imaginava e dormir foi só batido pelo cansaço. Ela me tratou que nem antes. Simpática, mas mais que isso não tenho ideia nem fazia sentido.
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