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29 de abril de 2021

primaverou-se o cérebro 37

Em fim de tarde percorro a cidade vezes sem conta. Sei por onde passarás, sei que olharás para mim. Nem que seja um outro dia. Insisto em ver-te sentada no banco de trás do carro dos teus pais. Teimoso ou apenasmente apaixonado. Pouco me importa.
Caminho para cima e para baixo, já estive na praia sentado no ecrã ao ar livre, me sentei na avenida de baixo da buganvília, fui à rotunda do aeroporto e eletricamente me pergunto porque é que eu gosto de ti. Não sei a resposta. Posso arriscar qualquer coisa, desde dizer que a tua geometria me enche as medidas, que o teu ar terreno é do meu jeito ou que a tua quase não existência é a minha implicância no assunto. Irrequietamente sigo pela beira da estrada até no Benfica e continuo sem ter resposta para me dar. Entro na areia do deserto que começa aqui e tento acarinhar-te mentalmente com pegadas que o vento apagará e mantenho-me sem resposta.
Se calhar são os silêncios com que me abraças todas as noites e por isso durante o dia me dinamizo-me por estas ruas quadradas e quase planas num perguntar sem encontrar respostas.
Afinal de contas pode ser só a coisa mais simples que é o amor à primeira vista.


Sanzalando

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