A Minha Sanzala

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23 de abril de 2021

primaverou-se o cérebro 31

Ela hoje ainda não apareceu para lhe ver e assim deu uma saudade assim sem mais nem porquê e, com ela, veio uma vontade de chorar rios de lágrimas, que nem o Rio Bero ia aguentar tanta água castanha. Acho que hoje até ia atirar caniços e outros restos que iam tentar subir na SOS e inundar as fontes da minha inspiração e desesperadamente afogar-me nos meus restos lacrimais.
Um choro de criança sem colo, de medo, de perdido. Assim uma misto de saudade e vontade enorme de poder calcorrear a rua dos Pesacoadres desde o Bairro da Facada até na subida da Helena Rocha, passando pelos hoteis, Loja das Noivas, Zé Côco, Drogaria do Rosas, escritório dos Cavacos, Aeroclube, casa da Dada, do Reis e na do Carriço parar a olhar na tua para secar as lágrimas ou ir para o colo da minha mãe, que me ia contar uma estória qualquer, depois de eu lhe pedir muito, quase em birra.
A seguir íamos rir de falar assunto que parece é tabu mas a conversa se ia esticar até que eu ia ver uma lágrima correr dos olhos dela e pensar que Festas do Mar e nas brincadeiras dela de quando ela era feliz.
De olhos já secos, íamos os dois ficar sentados na cadeira de baloiço da varanda a ver as estrelas e ver quem ia descobrir a primeira estrela cadente e ia ganhar um beijo do outro.
Como sempre em vez de olhar o céu eu ia olhar na varanda da casa ao lado, não fosses tu por lá aparecer.
Hoje deu uma saudade porque ontem não tive tempo de lembrar nas letras e palavras o que eu poderia ter escrito sobre nós, sem imaginar que o futuro seria como é.
Foi na Rua dos Pescadores, 275, que me ensinaram a ter memória e eu comecei a querer imitar o ter talento para um dia poder dizer que choro as lágrimas sentidas dum amor eterno.



Sanzalando

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