E cada dia novo lá ia eu fazer a minha vigilância marcada à casa da vizinha.
Ela aparecia no quintal e eu rejubilava que até parecia tinha ganho a lotaria. Eu me dizia que estava a ser criança. Mas cada vez parecia era pior. Mais doía eu poder vê-la e não lhe dizer eu estava ali. Tenho a certeza que se ela soubesse deixava de aparecer no quintal ou na varanda. Só mesmo para me fazer sofrer, só mesmo para ver se eu me humilhava e mandava a minha dignidade às urtigas e lhe pedia de joelhos para ela não desaparecer da minha vista. O meu amor era o maior dos meus orgulhos. Amava-a para além dos meus limites e egoísmo.
Ela me era superior no olhar-me e não me ver, no saber de mim e desconhecer a minha existência. E eu amava-a cada vez mais.
Eu endivida-me de amor pois concentrava todo na mesma pessoa. Desvivi-me por completo. Foi um setembro que era uma tortura negra.
Sanzalando
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