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26 de setembro de 2023

vagabundo de mim

Sento-me na esplanada, bebo uma cerveja gelada e caminho por pensamentos feito um vagabundo do tempo. Às vezes penso que sou como o oceano, esse mar que me delicia, umas vezes calmo e outro numa calema que até dá medo só de lhe olhar, umas vezes formoso na cor e outras rebelde na força. Aqui, de copo na mão, revejo com admiração a forma como ele se move num espraiar sob a areia, bamboleando-se nas irregularidades dela, suavemente estendendo-se como que a deformar-se numa absorção lenta. Aqui sentado deixo-me navegar nessas imagens que imagino, sem saber se hoje ele está calmo e sereno ou revoltado e destrutivo. Hoje sou um barco que navego nesse oceano de ideias, desconhecendo profundidades, lugares secretos ou o quanto é imenso o que há para descobrir. 
Sento-me saboreando uma cerveja gelada, navegando por mim adentro, como num mergulho à procura de lugar sagrado existente em mim.
Não tenho planos, nem fiz nenhum esquiço de régua e esquadro, bússola ou astrolábio. Quero ir por aí, vagabundo de mim.


Sanzalando

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