Me sentei a ver o zulmarinho, esse mar que me leva daqui até onde está a minha alma, num zulmarinar de pensamentos e sonhos.
Amar assim é uma prerrogativa amorosa torturante, asfixiante e se calhar até capaz de ser loucamente mortal. Sempre morrendo de amor, morte amorosa, amor fatal.
Imagino-me, aqui sentado, qual o peso da ansiedade que senti daquela vez que eu abri a porta, após tantos anos, e te dei um beijo como se fosse um filme de partir corações. Lembro-me que o cérebro ferveu e o coração fugiu-me, assim como o chão onde eu me erguia feito herói. Transpirei num fervilhar de emoções. Foi tempo a mais de intervalo, mesmo que tenha sido escolha minha deixar a porta fechada e segurando a maçaneta timidamente adiando a reabertura.
Será que tenho medo que as minhas bases tremam até ao desabamento do meu pesado corpo somado ao peso dessa ansiedade?
Será que não consigo cumprir as promessas que me fui fazendo?
Aqui sentado, ouvindo o zulmarinho, zulmarinando-me como que reservado para mais tarde me encher de perguntas, das quais não sei se quero saber as respostas.
Aqui sentado me esqueço da sensação de queda livre num sonho sonhado em páginas de horas sem fim, porque tudo é real no meu horizonte mental e eu apenas fruto imaginário da minha pequena realidade.
As minhas mão estão suadas e o meu coração bate fortemente que nem sei se um dia ele vai aguentar bater tanto assim.
Foste, és e serás minha, enquanto eu tiver capacidade de sonhar e de ver através dos meus olhos fechados que estás ali, do outro lado do mar, onde um dia plantei a minha placenta e me fiz árvore.
Sanzalando
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