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10 de setembro de 2023

zulmarinado

Zulmarinado num zulmarinho quente de inverno ainda em verão, medito como que apurando sabores e desviando-me de dissabores, alinhando pensamentos e rasgando pesadelos para serem diluídos pela chuva que cai, dissolvendo-os na ínfima molécula duma memória. 
Se há quem adore estar à sombra duma laranjeira, outros dum imbondeiro e outros ainda de apenasmente estar ao sol como que a queimar neurónios, eu por incrível que possa parecer, gosto de estar zulmarinado no zulmarinho quente deste inverno ainda em verão. Não preciso de grandes voos ou espera de grandes planos para apreciar o meu fruto zulmarinado nesta marinada de zulmarinho. Não vou procurar nenhuma sombra ou protecção para esta carga de água que resolveu verter-se desde cima, se estando aqui, cochilando ideias ou dissolvendo tristezas, me sinto como que em casa, fruto da minha árvore placentária plantada num lugar divino, para lá da linha horizontal coberta pela cortina de chuva que cai. 
Zulmarimbo-me em busca de ser fruto da minha árvore familiar, do meu grupo herbário humanoide, se eu sou o que gosto de ser, quando me apetece ser.
Sou um zulmarinado zulmarinho que nasceu para lá de qualquer lugar que queiram dar nome. 


Sanzalando

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