A Minha Sanzala

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19 de maio de 2021

fui

Numa estória quase perfeita eu te diria que esta história de amor tem futuro. Todos estes anos seguidos de amor platónico me fizeram endeusar-te. Serena, calma, aluna de excelência. Não conheço nenhuma estória tua que não saia do padrão altamente desenhado previamente. Não deves ter um friso desviado no teu passado. Faz três anos e eu não encontrei um único ponto onde eu possa dizer aqui não estiveste bem. Em casa, no Liceu ou na rua, nada beliscado. Só posso ser feliz em todo o meu futuro. 
Eu sei que não sabes os Lusíadas de cór como o Dr. Moura. Sei que não sabes que esta terra tem guerras lá nos confins do outro lado. Eu sou de cá eu não sei porque ninguém me diz ou se fala nas escondidas. Eu sei que há estórias muito escondidas e que não consigo desconder para te ensinar e ganhar um ou outro ponto.
Já li Satre, Morris West, Simone de Beauvoir, Jorge Amado, para além dos livros que me obrigam a ler no Liceu. Já ouvi José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Luis Cilia, para além das músicas que passam na rádio. Mas como é que com isto eu te vou impressionar. Vais-me dizer que é conversa mole de enganar. Não te vou dizer nada disto. Não vou beber este chá. Vou continuar a te gostar sem ter que estar em bico de pés para me veres. 
Gosto das minhas camisas coloridas, dos meu chinelos de pneu feito, dos meus calções a dar para o largo. De ir na praia e te procurar e até tu chegares de ver as outras miúdas a me olhar e eu a fazer filmes mentais. Nunca falaste se a roupa me ficava bem ou se devia vestir assim ou assado. Eu sei que não sou do lado sanguito da cidade e não tenho mais sonhos para lá de ser feliz contigo.
Eu sou assim e vou fazer mais como? Gosto de te ver a jogar ténis de saia curta e todo em branco. Eu nem posso entrar no clube porque não tenho nem estatuto nem pinta de jogador de ténis. Vou continuar nesta minha rotina de ser um pobre que ama um luxo e desconsegue lhe dizer.
Na verdade nestes três anos fui mesmo muito feliz.



Sanzalando

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