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15 de maio de 2021

neblina de memória

Na nossa rua se ao fim de tarde parávamos a conversar juntava-se logo para além do eu e tu, o Manel Ferrão, o V. Pereira, o Amorim, a Helga e acho não era. E nos riamos de tanta baboseira junta. Não se passava nada e espremido não saía sumo, mas eramos felizes naquele passeio daquela rua.
Hoje, neste presente de muitos futuros depois, recordando todas aquelas pessoas que eram as nossa testemunhas se tivéssemos jurado o que quer que seja, iam dizer que a nossa troca de olhares era carinho em estado puro, era pensamento virgem que não tinha pesado em nenhuma consciência, que se tivesse havido beijos ou carícias seriam sublimes efeitos de memórias enfeitados.
Hoje, esses nossos amigos, se pudessem responder agora perante um qualquer juiz supremo lhe diria que a ausência de contacto entre nós nestes anos todos fora uma fantasia duma mente pecaminosa tal era a certeza que eu tinha que tínhamos sido feitos um para o outro.
Hoje toda a nossa estória reside numa neblina de memória.

Sanzalando

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