E depois de teres partido para o tal de porto seguro eu escrevi mil palavras que nunca enviei, porque nem sabia para onde o fazer e nem havia essa coisa de correio a funcionar. Mas se eu tas mandasse tu ias ler? Desconsigo saber porque ia estar a viver na minha Cidade de Fantasia e isso eu não gosto. O que vai acontecer amanhã, hoje é fantasia. O agora é hoje e eu sei que no futuro eu ia ter razão. Fantasiei.
Mas o que eu sei é que nesse tempo eu te reinventei na minha cabeça. Imaginei cenários, imagineis finais, alguns felizes e outros infelizmente infelizes. Nas palavras até ouvi canções que acho tinham feito para nós. Eu revi o momento da despedida vezes sem conta e a mudança do meu pensamento que fez clique nesse instante. Reergui-me atabalhoadamente num desastre de ser e estar, não me afoguei nas lágrimas porque tive a desgraça de viver intensamente cada momento, esquecendo de me olhar por dentro, de ver a minha luz e passei a ter decisões de instante que até parecia máquina fotográfica a fixar o momento exacto sem exactidão.
Depois da tua partida com dores silenciosas e latejantes no peito, eu desejei o momento de deixar para trás todos os instantes, todos os medos, todas as felicidades, todas as marcas que o tempo deixou no tracejado que eu tinha percorrido e fechando os olhos eu estava a teu lado algures no teu lugar seguro.
Sabes que esqueci das ruas onde esfolei joelhos e canelas, dos ringues onde caí de patins, dos muros onde conversei com amigos, das portas onde namorisquei amigas. Eu só queria partir para o teu lugar seguro e não descansei enquanto não o fiz.
Sanzalando
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