Por ali, do lado do teu porto seguro, onde me fui segurando pela paixão, por esse amor doentio, fui descobrindo que a gente não soube se amar. Eu sei que nunca te disse, mas imagino que tu, na nossa amizade cimentada, tu sabias, mas também não fizeste nada para segurar o que te parecia seguro. Isto é claro que sou eu a pensar, hoje passados muitos futuros pela frente. O teu coração não falava de modo compreensível para o meu.
Todos os dias eu ia na tua casa que ficava logo ali, 45 minutos de marcha rápida e três cigarros gastos. Conversávamos e divagávamos sobre tanta coisa que nunca foi do nosso futuro que não chegou a existir. Eu te tinha dado tudo e até apaguei o que havia de pior em mim, sorri quando me apetecia voltar para o meu lado adolescente, sair do teu porto seguro e voltar para as minhas aventuras que mal tinham começado e eu as parei.
Enfim, fui condenado no teu tribunal sem julgamento prévio e sem ter sido ouvido, a afastamento perpétuo, atado de mãos e pés à ignorância total de ti.
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