recomeça o futuro sem esquecer o passado

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19 de fevereiro de 2004

RECORDAR (38)

Sanzalando em Angola
hoje num há 18-01-2004 15:34 Forum: Liceu Américo Tomás

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Hoje num tem nada para contar. às 15.30 vou no Cine-Moçâmedes ver um filme da Marisol, por isso já vesti a minha roupa de domingo. Vou, para variar, para o Balcão pois se vê muito melhor. Que vou sozinho sim que já tenho idade para ir. Minha amiga diz que num tem filme bom para ver, tem muito povo na matiné. Vou ver o filme que não tem que pensar e quando sai já esqueceu mas passou a tarde. Num quero ficar na esplanada da Oásis a ver o tempo passar que quase parece que está parado. Os gajos já sei que vão falar só de carros e motos ou intão vão jogar bilhar no perdes-pagas e hoje que num tenho vontade. Domingo é para deixar a tóla sem fazer nada mesmo.
Portanto, hoje num tem estória
Num chove e isso é importante

desvarios (30)

Sanzalando em Angola
problemas de números 18-01-2004 13:18 Forum: Conversas de Café

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Calema tem uma utopia - chegar ao número um dos 'escrivinhadores' da SanzalAngola. Assim sendo, escrevendo uma letrita em todos os fios lá chegará.
Cada um tem o que merece - se meto o pé na poça das duas uma ou molho-me ou molho-te.

Mais a sério:
Pensar é uma actividade como outra qualquer.
Quando enfrentamos uma situação difícil na vida pessoal, "pensamos" a melhor forma de a ultrapassar.
O que acontece quando nos confrontamos com situações sociais que nos chocam ? Precisamos "pensar" colectivamente.
A humanidade é cada vez mais um único barco. O que se passa de bom ou mau em qualquer parte, acaba por nos envolver de maneira mais directa ou mais remota. É necessário pensar!

desvarios (29)

Sanzalando em Angola
17-01-2004 22:32 Forum: Café do Desassossego

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citação:
A descolonização foi uma "batalha" dos antinacionais, dos "estrangeirados" contra o povo português




Para mim o que é mesmo importante é isto



ANGOLA INDEPENDENTE


É ajudar a encontrar caminhos para refazer o País, sem urgências, com os 'pés assentes na terra' e o olhar no horizonte.

Não esquecendo os anos de guerra civil, em unidade e com diversidade, rumar com destino no amanhã.


Crescer!

RECORDAR (37)

Sanzalando em Angola
Sonho de corrida 17-01-2004 15:47 Forum: Liceu Américo Tomás

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Hoje que tive um sonho. Tava tudo preparado para uma corrida de carros muito especial. Parece que havia mesmo uma apostas clandestinas nas esplanadas da Oásis, do Hotel Turismo e do Café Avenida. Esses gajos que têm bué de doideira na tola, pensam em tudo. Mas mesmo uma corrida muito especial. Nas várias oficinas da cidade, incluindo a do Abel e a Auto Reparadora havia mais que muita gente à espreita, para ver os bólides. Me disseram, que eu não lembro se sonhei, que até os grandes das grandes corridas tinham mandado espiões. Com toda aquela confusão fui no RCM ver mesmo o que se estava a passar. Me disseram 'és mesmo matumbo'. Pelos vistos eu era mesmo o ultimo que não sabia. Então vi a lista dos concorrentes e ai percebi todo aquela confusão na cidade.
Dra. 'Botija' - Renault Gordini
Dra. Pitrês - Fiat 600
Dra. Pipoca - Fiat 600
Guida Trindade - Fiat 600 carrinha com armação de madeira à volta
Madalena Carranca - Mini 1000 branco com fita xadrez a toda a volta
NN da Alfandega - Fiat 600
Me disseram no meu sonho que quem ia ganhar era a Dr. Pipoca porque ela já via a curva antes de lá chegar.
Mas os afazeres nas oficinas era bué de grande porque tinham de reforçar os motores pois quase todas pensavam que os carros só tinham duas mudanças, uma pra a frente e outra para trás. Foi aqui que acordei e num li em lado nenhum quem ganhou.

desvarios (28)

Sanzalando em Angola
Tenho tempo 17-01-2004 05:49 Forum: Conversas de Café

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Fico sentado debaixo do Imbondeiro (recuso embomdeiro pois sempre escrevi com i) à espera. eu tenho tempo. As água vão amornar, as ideias vão clarear, ter tempo para ver o capim crescer e as flores florirem se calhar é sonho e não utopia. Cresci numa terra civilizada - só chovia três dias por ano e sempre à noite para não atrapalhar a vida de ninguém. Eu tenho tempo para ler, ver que os anos passam, que as realidades de hoje são a miséria da História de amanhã, que as verdades de hoje se calhar não são verdades. Eu tenho tempo. Eu não vivo na urgência da vida (obrigado pwo por esta frase). Hoje um degrau, que pode ser partido, destruido, eu tenho tempo para o reconstruir. Amnhã outro e se não fôr amanhã será noutro dia porque eu tenho tempo. Podem por-me os nomes que quizerem porque não vão conseguir que eu deixe de ser Eu. Se calhar, com o nome que tenho, ainda sou descendente de um indio - Touro Sentado, por exemplo. Uma certeza agora tenho não sou filho de Burro em Pé!

desvarios (27)

Sanzalando em Angola
Em desacordo concordo 16-01-2004 14:55 Forum: Conversas de Café

(Sobre o Concurso Miss Angola)
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Eu em desacordo concordo. Confuso? «Que não» respondo eu do alto da minha sabedoria. Nunca gostei desses concursos, claro está desde que comecei a ter direito a pensar direito. Concordo que num país onde há mulheres mutiladas ( estamos a falar de misses) parece absurdo tal concurso de beleza. Concordo que se forem inteligentes podem transmitir mensagens ao media que de outra forma não é possível. Concordo que não são concursos honestos - nunca o foram nem aí, nem aqui nem em lado nenhum, outros interesses há por trás disso tudo. Mas concordo que uma Nação não pode estar sempre a pensar em 'coitadinhos' - nada pior que uma depressão nacional para 'enterrar' ainda mais o que quer que seja. Assim sendo estou de acordo que haja concursos de misses, de poesia, de contos, de cinema, de...tudo o que vier à cabeça, nem que seja só para desanuviar.
Se não perceberam nada do que escrevi perguntem ao Sebas já que ele diz saber o que se passa nas entrelinhas

RECORDAR (36)

Sanzalando em Angola
Tem que não tem 16-01-2004 11:48 Forum: Liceu Américo Tomás

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Na oficina da rua das Hortas, naquela que tem machimbombo que parte para Porto Alexandre, deslembrei mesmo o nome, tá no ponta da língua, assim como o mecânico a dar para o gordo e mulato da cor, arranjei os rolamentos que tanto queria para fazer o meu carrinho. Desci mais um pouco a rua para comprar pregos na Casa Santos. Ninguém lembra mesmo onde era esta casa? Tem nome que lembra todo o mundo - Passa Fome. Sim esse mesmo que punha 5 litros de gasolina naquele carro que parecia americano de tão grande antigo que era, e mais cinco num garrafão para voltar quando ia passear ao domingo com a família. Me disseram, nunca soube se era verdade mas também nunca tive que interesse em confirmar. Mas que assim lhe chamavam eu tenho certeza mesmo certa. Comprei meus pregos e vi que estava pronto para fazer o melhor carro de rolamentos do mundo. Desta vez mesmo que vou bater aqueles gajos na descida.
Olha, ainda vou no Pires Correia comprar comprar Chita para minha mãe fazer um vestido para a mana, que tem festa e tem concurso como todos os anos. Mas já sei que é comprar só por comprar que minha irmã vai dizer no dia que não entra. Tem que não tem é sempre assim.
Me lembrei que já que estou aqui em baixo vou mesmo perto do matador ver os amigos Beleza que parece que está com gripe.
Tem mesmo que não tem assunto para conversar. Cidade pequena não passa nada. As menina que a gente gosta num olha mesmo para a gente e aquelas que a gente não gosta também. Puto sofre na cidade onde nada tem que não tem. Me deixa só crescer e vais ver que tudo vai ser como que diferente mas muito igual. Já agora que estou na filosofia vou mesmo lá no Horto ver o crescer das flores que são boas de bonitas.
Em vez de fazer o meu carro de rolamentos vou fazer um 'Carro de Sabão' para bater os gajos da Escola Industrial que têm mania que são melhores que os do Liceu. Mas que sou puto num vão deixar eu correr. Os outros mesmo que façam. Fico pelas corridas da Rua dos Pescadores. Dá cabo dos sapatos pois os tacões é que são os travões, as o Estregildo que põe novos depois da mãe dar o ralhete quinté tou habituado.
Tem que não tem mas num passa nada, nem chuva passa aqui

desvarios (26)

Sanzalando em Angola
Utopia 15-01-2004 21:14 Forum: Conversas de Café

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Não sou cego, não sou surdo, não sou mudo e muito menos insensível. Mas continuo utópico. Continuo a acreditar que amanhã será melhor que hoje.
De manhã quando acordo o meu primeiro pensamento é: que bom, acordei vivo!
So depois penso onde é o WC!



Se não tiver sonhos ando aqui para ver andar os outros. Terei uma eternidade para estar morto e não ter sonhos.

Depois de um grande sorriso de bons dias à primeira pessoa que encontro começo a viver, mas viver mesmo, gostar do que faço mesmo que seja mexer no conteúdo fecaloide do intestino grosso, porque está ali um 'tipo' que precisa de mim, deitado, inerte. Posso sonhar em lhe dar mais uns anitos de qualidade de vida? Posso vê-lo a dar carinhos aos netos por mais uns anitos? Posso ouvi-lo dizer que 'graças a Deus e a si' estou bem? Posso dizer-lhe que está curado quando sei que não o está a 100%? Posso dar-lhe um abraço e o meu número de telemóvel, para que sempre que necessitar entrar facilmente em contacto comigo?

Por favor deixem-me ser utópico.



ps - Resposta a F. Nobrega - o seu nome 'infelizmente' não está na lista por uma razão muito simples. Ainda não o vi acreditar no futuro, só lhe tenho lido escrever e enaltecer o passado. Nada tem a haver com 'Côr Política'. A razão é mesmo esta que escrevi. Estou certo que se tem acompanhado o meu trajecto aqui, verá que na referida lista estão nomes de quem não partilho a mesma opinião idiológica ou religiosa.

desvarios (25)

Sanzalando em Angola
Carta aberta 14-01-2004 22:00 Forum: Conversas de Café

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Hoje apetece-me escrever uma carta. Não tenho a quem dirigi-la, por isso deixo-a aberta, pode ser que alguém a leia.
Iniciei este fio com um propósito: usar a diversidade de ideias e construir qualquer coisa, nem que seja um pequeno degrau de uma grande escadaria; usar todas as forças políticas - hoje que não há ideologias - para aprender qualquer coisa que possa contribuir para construir mais um degrau; utilizar os conhecimentos dos que estão na Diáspora, dos que permaneceram em terras angolanas para EU aprender mais qualquer coisinha que permita que daqui ou de lá eu construa mais um degrau dessa grande escadaria.
Vejo afinal o quê? Karipande, Pedro Dornellas, Imberso, Pássaro, Muganda (que anda fugido) e o 1958Meno a ter ideias, defende-las, com mais ou menos vigor mas sem insultos de leza majestade; o Quelhas por vezes exagera a sua defesa e só por isso não está naquela lista inicial. Depois vejo alguns sanzaleiros que botam faladura, sem positividade e sem ideias, e quando as têm usam-nas apenas para o insulto barato e cassiqueiro.
(Uko, os meus parabéns por teres sabido mudar a tua atitude, sem perderes as tuas ideias.)
Muito esporadicamente vejo PWO (será assim?) com ideias mas pouco participativa.
Sou utópico. Já disse não sei onde nem quando que sou filho da utopia e tenho tempo, por isso continuo à espera. Não quero mudar o mundo - para isso teria que invadir os EUA e não tenho força mental nem para pensar nisso.
Não estou em campanha eleitoral - estou apenas a desabafar com o meu teclado porque eu tenho tempo. Sou utópico.

RECORDAR (35)

Sanzalando em Angola
Vou a um aniversário 14-01-2004 01:02 Forum: Liceu Américo Tomás

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Num é domingo mas eu vesti roupa do domingo. Vou descer a minha rua toda quase até no fundo e frente ao Venâncio Guimarães Sobrinho tem uma casa onde mora um marceneiro que é uma maravilha de ver trabalhar. O filho dele que faz anos e me convidou para ir comer bolo e beber gasosa. Comprei na Drogaria Rosa um GorgyToys, um Ford Escort com listas de competição que vou dar nele como prenda. Vou levar para ele também as cartas que lhe escrevi e que num mandei porque estou sempre com ele e os selos são caros. Já sei que me vai falar da Baía dos Tigres que desconheço, das baleias, que só conheço as da mapunda que quando vão à praia num querem sair da água, e vamos brincar ao tau, polícias e ladrões e se calhar vamos jogar ao garrafão. Mas que vou bebeu bué de gasosa podem ter a certeza. Também não é todos os dias que se faz anos. Deve ter bolos da Pastelaria Oásis além dos que a D. Júlia vai fazer. Por isso vesti a roupa de domingo. Ele merece eu ir bem vestido
Num tá a chover e num é Março

desvarios (24)

Sanzalando em Angola
Eu?????? 13-01-2004 22:47 Forum: Conversas de Café

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Imberso antes do mais é melhor estares sentado.
Enquanto puder, enquanto não me fôr permitido ter opção - BI e Passaporte - mantenho-me equidistante de todas as forças políticas existentes. Não voto em Portugal tal como não voto em Angola, não milito em nenhum partido Português como em nenhum em Angola. Estou na fase de aprendizagem para não cair nos erros que cai aos 17/18 anos e que ainda hoje não consigo esquecer. Tchiwalle e N'Zau dizem-te alguma coisa? A mim sim!
Tenho a minha ideologia, que se foi refinando ao longo dos anos e com a experiência. Hoje não passo cheques em branco a ninguém. Ainda estou para ver certas personalidades entrarem na vida civil e serem civis e democráticos.
Hoje estou mais interessado nos debates de ideias.
Não, Imberso, não estás no rol dos que me insultaram. Estás, digamos, noutra frente, noutro pólo de ideias mas que me interessa ouvir.
Podes ter a certeza absoluta que qualquer dos que me insultou ou ofendeu se precisar dos meus cuidados tê-los-á e espero que com a qualidade que me exijo de mim.
Na China sim. Se na vida de um casal há tantos conflitos, porque não os há de haver na sociedade?

RECORDAR (34)

Sanzalando em Angola
Calema 12-01-2004 18:32 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que hoje estou mesmo feito que nem coração vai deixar de bater. Vim mesmo cedo na praia, para ficar com o meu lugar de sempre e estender a minha toalha no lugar estratégico e num posso se quer passar das arcadas. Por Neptuno que fizeste calema esta noite, encheste a praia de caniços que o Bero trouxe lá da serra, que até chega no asfalto. Tu que dizes que és deus fazes essa coisa a mim e a tantos mapundeiros que tão aqui para saborear as tuas águas salgadas? Num tem direito. Citroen num vai vir. E se o dourado num vem eu fico que nem cego. Vou embora, vou ver se tá alguém na Oásis, beber um carioca de limão, ver se alguma mapundeira passa por ali para alegrar a menina dos olhos, ver se o César me empresta miniHonda dele para esquecer a Suzuky do Tobé. O Figueira da farmácia num impresta a Honda 350 dele, senão ia puxar estilo lá no bairro do Citroen. Mas está aqui o Luís Bacharel e o Lopo. Esses meninos mesmo que são doidos. Tiveram acidente de carro - Seat 850 sport, que andava para caramba porque tinha a tampa do motor semi-levantada para num aquecer muito, e porque dá pica, quando iam ver as 6 horas do Huambo. O carro ficou com rodas para o ar, assim mesmo quando cágado fica ao contrário. Eles saíram pelas janelas. Perto do carro tão mesmo dois mumuilas que quando os viram só disseram 'coitado do carro'. E, eles ficaram tão zangados porque ninguém que perguntou se estavam magoados. Eles estão a contar-me esta história e eu a rir a bandeiras despregadas. Mas lá os quatro conseguiram endireitar o carro e em vez de continuar viagem voltaram para trás. Como o carro ficou mais baixo, eles vieram com a cabeça de fora. Quase mijei de tanto rir. E num é que ficaram zangados comigo? E eu que queria ir mesmo só ate à praia e ver o menina do biquíni azul. Cassim num brico.

Não é Março, não está a chover mas faz calema

RECORDAR (33)

Sanzalando em Angola
Sabes contar 11-01-2004 16:51 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que sei contar sim senhor. Sabe tabuada e tudo. Lá raLAAAAAAAAAAAAA. Sempre a mesma música. Hoje como é domingo e num é Março se conta pelos dedos os carros que estão a andar. Passou o SAAB do Trindade da Alfândega, passou o Sunbeen da Marília Cavaco, passou o Fiat 600 da Pipocas. Se passou mais algum foi mesmo muito depressa que num deu para ver. Venho do RCM onde estive a fazer o Programa da Manhã. Entrou agora o Edgar Teixeira, que veio na sua Mini Honda e o Luís Mendes que veio a pé porque mora mesmo ali ao lado. O Sousa Santos e o Zé Manel Frota foram na Renault 4 até Porto Alexandre fazer o relato do Independente com o Desportivo da Caála onde jogam o Camilo e o Armadinho, que jogaram lá no puto. Todo o mundo que está mesmo a almoçar ou a dormir a sesta. Aqui está a NSU do Juleco parada à porta de casa. Queres ver que na Oásis também num está ninguém. Está o Sr. Reis porque é o dono. O Sr. Olímpio num está na barbearia porque hoje é domingo e no domingo cabelo e barba num crescem. A loja do Pessoa também que está fechada, razão mesmissima. E na Rua num tem carros. Pópilas, vou ter que ficar em casa. Mas fazer quê? Fazer os trabalhos de Inglês? Mitó vai ralhar se não faz, mas no intervalo copia doutro. 'Mãe, dá o almoço rápido que tenho que sair'. 'Porquê tanta pressa?' porque mãe tem que falar sempre com pergunta? 'Mãe, tenho pressa para tar mais tempo sem fazer nada!'

Num é Março e num chove.
ps. Calema inda faz Festa do Mar todos os Marços.

desvarios (23)

Sanzalando em Angola
Desculpem qualquer coisinha 11-01-2004 13:59 Forum: Conversas de Café

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Felizmente há diversidade de pensamento. Felizmente há gente documentada, diria melhor, muito bem documentada. Felizmente há os que não tendo conhecimento directo, teorico e prático estão aqui a 'aprender' muita coisa.
Há os que escrevem 'docinho', há os que escrevem com 'ganas'. Há de todos os lados e de todas as formas. Há os que escrevem vivências antigas pensando que ainda são as de hoje, ou que gostariam de as viver ainda hoje. Há os que não esquecendo o passado, escrevem o hoje, o que há de concreto. Há os que culpam X de isto e daquilo, esquecendo todo um contexto histórico.
Há muita gente, felizmente.
Uma coisa é certa, tirando meia dúzia de intervenções, nestas mais do que muita sescritas neste ou noutros fios pelos mesmos Sanzaleiros, estou certo que se todos estivessem num Café de VERDADE e hoje, logo á entrada davam um grande abraço. Digo-o porque conheço grande parte dos intervenientes. A nossa diversidade de ideias e a nossa maneira de escrever não ultrapassa aquilo que nos propomos - aumentar a cultura, os conhecimentos nossos e daqueles que fielmente vêem aqui ler e aprender.

Um braço e sempre presente.

Calema entrada em força em todos os fios mas...ainda não vi ideas.

desvarios (22)

Sanzalando em Angola
Tens na carteira, ai no bolso do casaco, mesmo do lado do coração o bilhete de regresso.

Desqueceste de nós. Essa não te perdoo. Nós que aturávamos a tua mania de seres um grande guarda-redes de futebol, que tinhamos que segurar a tua pasta castanha de cabedal sempre mais pesada que nós próprios, que punhamos km na tua Suzuky e que tinhamos que aturar as tuas gaffes no Fórmula POP, fomos esquecidos? Desculpa mas não perdoo mesmo.

Sei que 'morreste' mas ressuscitaste há já algum tempo.

Sei, penso que sei, que fiz-te ir buscar ao fundo do teu sótão intracraneano imagens, personagens, momentos que recordaste com a alegria de quem revê um filme de 8 mm ao serão, na companhia dos que te são queridos.

Sei que gostei, e gosto de reler, as nossas estória de faz e conta. Temos agora mais um parceiro a ajudar a 'mapear' a nossa terra.

Olha, hoje, com ajuda de um dicionário consegui escrever em português legível.

Mas escrevo-te porque me apeteceu dar-te nas trombas por não teres aparecido aqui a falar das tuas baleias. Não gostei da Maravilhas. É muito pretenciosa.

Olha, pensando bem, estás perdoado e eu não meto esta carta no correio. Fica mesmo só entre nós

Um abraço

RECORDAR (32)

Sanzalando em Angola
Tás feito 09-01-2004 16:05 Forum: Liceu Américo Tomás

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Tou no estádio do Benfica pronto para mais um treino. Patinar é comigo. Velocidade é comigo. Pegar no pau é que tá mais difícil mesmo. Se não tem pau nem bola que eu era mesmo muito melhor que Livramentos , Chalupas, Bonvalot, Duarte, Salvador, Oscarito e sem lá quem mais que treinava no Benfica. Mas davam pau e punham bola e zaz lá se ia o estilo para num sei onde. Quintão vais para Guarda-Redes. Põe na cabeça aquela coisa de arame, caneleiras até ao pescoço, peitilho e outra coisa que se põe no meia das pernas. Mas aí também num dá. Quando eles levantam o pau eu fecho os olhos. Portanto é mesmo melhor me dedicar aos saltipula. Mas num faltei a nenhum treino. Mas sempre sem pau nem bola que isso é muito para um artista como eu.
Toninho, que vale mesmo que num chove senão tu também não treinavas. Vai mas é um chuinga com um abraço.
Num é Março e falta o Tobé para dizer se está a chover lá no mar das baleias

RECORDAR (31)

Sanzalando em Angola
Vou de mota 08-01-2004 17:25 Forum: Liceu Américo Tomás

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Sim senhora. O Tobé está a fazer o Formula Pop e eu estou de folga, por isso ele me emprestou a Suzuky azul e eu vou dar uma volta. Num tenho carta não, ninguém me escreveu e eu num fui na Câmara buscar nenhuma. Passo na Sanzala dos Brancos, sigo pela casa do Turra, vou a corta mato até ao Impala ver os cartazes: Trinitá. Que tenho de vir hoje ao cinema. Será que o citroen dourado também vem e me trás. Dois num. Só de pensar já estou feliz. Eu ali na fila D, mesminho ao lado dela a ver o Trinitá, cowboy insolente? Sonho bom! Mas depois a gente vê isso. Agora sigo no Aeroporto. Sou o Santos Peras de Moçâmedes, penso eu...mas num sou que num gosto de velocidade em duas rodas...asfalto é duro. Chego no Aeroporto e que tem ninguém. Vou nos Serviços meteorológicos, ali tão perdido no deserto e tão dentro da cidade. Mas caramba aqui num conheço mesmo ninguém. Vou num carreiro, tipo motocross, o Tobé num vai saber e por isso num zanga comigo. Olha ali o Lourenço da Arábia. Num sabem quem é? Ninguém lembra aquela zebra que estava sozinha mesmo dentro daquele quadrado de arame farpado que era para ser uma reserva ou sei lá o quê? Essa mesmo. Tá tão sozinha que anda de um lado para outro porque tem tempo para fazer isso e também para andar de outro para um lado e sobra tempo. Fico a admirar bicho lindo todo riscado.
Formula Pop deve estar a acabar por isso é melhor levar a mota. Ainda deu para passar na caso do Garoupa que era mesmo ao lado do Esteves Padeiro - homem sempre a rir e a brincar com o povo.
Passa um panito na mota para esconder o pó e já está.
Como não chove faz poeira

desvarios (21)

Sanzalando em Angola
Pide 08-01-2004 16:47 Forum: Conversas de Café

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Não dirijo estas linhas a ninguém em particular. Não sou da Pide e se alguém tiver pachorra que vá à Torre do Tombo em Lisboa e procure lá o que se passou em 18 de Junho de 1961, na estrada que liga Moçâmedes a Porto Alexandre, às 9.35 da manhã.

Não falo de Alberto João por dois motivos:
1º . Ele não é angolano
2º . Não gosto dele

Este fio foi criado para Homenagear um Homem: Dr. Angostinho Neto. Outros assuntos outros fios. Eu não gosto do Corpo de Deus mas esse é feriado e eu não contesto. Simplesmente não vou a nenhuma cerimónia relegiosa... Fiz-me entender ou é preciso explicar.

(Desculpas - só aqui, onde fui insultado)

Obrigado pela Solidariedade Gangonja

RECORDAR (30)

Sanzalando em Angola
reescrever o quê 07-01-2004 00:44 Forum: Liceu Américo Tomás

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São ai nas dez da noite. Que estamos sentados no Café Avenida, não na esplanada porque está frio. Devem estar só uns 20 graus e um gajo num pode se constipar. Estamos disse eu porque como evidente não estou sozinho, senão dizia estou. Alem de eu mesmo está o Beto Amorim, filho do Sr. Alberto do Liceu, o Manel Vitoria Pereira e o Ferrão mais velho. 'Que fazem estes putos aqui no Avenida a esta hora?' Perguntou alguém que num sei quem foi. Estamos a aviar garrafas de Dão. O Radio Clube pagou o ordenado, eu invento que faço anos e vamos fazer festa. Duas garrafas chegou para ver que estavam oito na mesa. Mas tem giro é que tinha mesmo dois Betos, dois Ferrão e dois Manel. Como já éramos muitos fomos mesmo até no parque infantil. Eu agarrei uma palmeira e pedi namoro e ainda hoje num sei que foi que me respondeu ela. Melhor mesmo é irmos para casa. Vamos todos levar o Beto. Assim se houver maka somos muitos e vamos estudar. Se entra sem fazer barulho. Entrou todos os oito. Beto directo para o quarto. Entra mãe dele e pergunta:'que estás a fazer?' 'quero beber água fresca' responde ele enquanto tenta chegar ao puxador do guarda-fatos. Foi corrida em nós seis da casa para fora. E agora quem vai levar quem. Manel que é mais novo tem de ser levado a seguir. Passamos na Minhota e como estávamos com sede bebemos uma Nocal preta cada um. Transbordou. Quem aparece quando estamos sentados na avenida, debaixo do carramachão a ver se ainda éramos seis ou se éramos mais? O Dr. Júlio Vitoria Pereira no MiniMoke. 'Entrem já todos para aí!' Nenhum dos seis hesitou. Maneles entraram na frente, eu e Ferrões no banco de trás. Direcção: Torre do Tombo. 'Vão apanhar ar nessas trombas'. Que sim. Ninguém mesmo podia dizer outra coisa, pois as palavras ficavam enroladas na boca e num queriam sair. 'Onde ficas?' 'Dr. fico aqui? O mini parou eu sai por um lado e Ferrão por outro. 'Caté amanhã e obrigado' mas depois é que vimos que estávamos atrás do campo de futebol, na rotunda. Nós os quatro, eu e Ferrões temos que ir a pé até em casa. Quem vai levar quem? Tá combinado. Vamos pelo Atlético, viramos na esquina do Dentista Francês, e seguimos até à casa do Ferrão. Ficou combinado. Ferrões agora têm de me levar a mim. 'E depois quem me trás a mim?' arrastou a s palavras um dos Ferrões.
Ainda hoje não sei como acordei em minha casa e na minha cama.

O que valeu mesmo foi que não estava a chover

desvarios (20)

Sanzalando em Angola
eu, hein 06-01-2004 15:48 Forum: Conversas de Café

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Não sou eu que tenho que autorizar uns cafés ou não. Noutro sítio sou médico, por acaso cirurgião. Aqui sou um Angolano desenraizado, sedento de aprender o que não teve hipótese por contigências familiares e até mesmo geográficas. Num parentesis, em tom de brincadeira, costumo dizer que sou o primeiro 'culto' da família. Não tenho o dom da escrita séria de F. Nóbrega e Karipande, não tenho o conhecimento no 'terreno' que eles apresentam ter, mas com alguns acidentes de terreno às vezes não dá para ver bem....
Aguardei até agora por um esclarecimento sobre o 6 de Janeiro de 1961 e nada chegou. Estou desiludido...

Karipande eu desculpo a distracção, não só porque o FCPorto ganhou com o Rio Ave a jogar melhor, mas também porque devemos mesmo mostrar que ainda se faz algo na nossa Angola de hoje, e há gente que não vei ver fios de assuntos actuais, porque isso 'mata' a vida dos que vivem do ontem....

Imberso, espero mesmo muito sinceramente que os afazeres dêem uns segundinhos para vir 'polemizar' connosco. Você e outros fazem falta, porque obrigam a pensar, a ler.

Quilha, espero que não vás de férias novamente porque já tinha mesmo saudades de te ler.

A TODOS: tenho saudades do Muganda. Temos ideias não sincronizadas mas eu tenho saudades. Volta depressa que precisamos de ti.

Kurkudilo: tarde descobristes outros fios...mas nunca é tarde e por isso tenho saudades do futuro. Com vírgulas ou sem elas vai escrevendo.

Carlos Tê escreve mesmo bem. Será que Timan vem cá lê-lo?

No meio disto tudo quero dizer: ensinem-me mais.

as datas da História

Sanzalando em Angola
4 Janeiro de 1961 04-01-2004 11:51 Forum: Conversas de Café

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O Governo de Angola considera, num comunicado divulgado sábado, que consolida-se em todo o país a certeza, segundo a qual, a paz conquistada através do sacrifício de todos os angolanos está firmemente instalada.

O executivo angolano tornou público este comunicado em alusão as comemorações do 43º aniversário do massacre da Baixa de Cassanje, perpetrado pelo regime colonial português a 04 de Janeiro de 1961, contra os camponeses que exigiam melhores condições de trabalho.

"No momento em que assinalamos mais um aniversário do massacre da Baixa de Cassanje, consagrado na lei fundamental como feriado nacional comemorativo aos mártires da repressão colonial, consolida-se em todo o país a certeza de que a paz, conquistada através do sacrifício de todos os angolanos está firmemente instalada", sublinha o comunicado.

Citando o presidente da República na sua última mensagem à Nação, o documento refere que "os angolanos preservam hoje a paz como um dos seus bens mais valiosos o que conseguimos obter até aqui dois anos depois permite-nos olhar para o futuro sem temor. Somos optimistas porque confiamos nas nossas capacidades e potencialidades, porque sabemos que os angolanos são um povo determinado que consegue sempre atingir os objectivos a que se propõe. Foi assim no passado, será assim no futuro..."

O governo afirma que o chefe de Estado Angolano quando falava dos rumos do país para 2004 , deixou claro que muito haverá a fazer, capitalizando ao máximo os ganhos da paz "...o nosso optimismo assenta no trabalho, nasce nos êxitos que fomos capazes de construir , afirma-se na luta diária pela sobrevivência e pela reconstrução do nosso país".

O documento salienta que o país começa assim um novo ano com grandes, urgentes e delicados desafios.

"Este é o momento em que temos muitos motivos para ter esperança no futuro e para acreditar em nós mesmos. Façamos do ano 2004, que ora inicia, o arranque definitivo para um futuro melhor", diz o governo no seu comunicado.

Relativamente a efeméride, o comunicado frisa que a manifestação dos camponeses da Baixa de Cassanje reveste-se hoje de particular importância por eternizar a mentalidade de bravura e de liberdade de milhares de angolanos, que na altura cansados dos maus tratos a que eram submetidos pelos colonialistas portugueses, decidiram se revoltar e clamar por liberdade.

"O sangue vertido como resultado da coragem e bravura, germinou o movimento independentista e anti-colonialista que um mês depois, em 04 de Fevereiro de 1961, assumiu o seu papel libertador que conduziu o povo angolano à conquista da independência no dia 11 de Novembro de 1975", realça o comunicado do executivo angolano.


Desculpem-me qualquer coisa mas já estou na dúvida de datas e de acontecimentos. Alguém me esclarece?

RECORDAR (29)

Sanzalando em Angola
Carta a um cetáceo 04-01-2004 10:54 Forum: Liceu Américo Tomás

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Apetece escrever uma carta. Uma carta de amor, de saudade ou de fazer de rir. Mas num tem quem vai receber a carta do outro lado. Assim, aproveitando, boleia escreve a uma baleia, que se calhares, por desventura da vida, nem que sabe ler.
Tu, minha amiga baleia que num tem nome, de que terra és tu? Que mesmo parvo que sou. Se baleia anda no mar como posso perguntar de que terra é? Pergunto doutra forma: de que oceano és? Num sabes o que é isso porque eles se misturam e tu não sabes ler as placas toponímicas (fui ver no dicionário para parecer que sei escrever bonito). Tu és azul, assassina ou lá que mais? Também não sabes? No teu oceano te chamam apenas baleia? Que bom deve ser poder passear nessa água toda. O quê? Tem uns animais que dão tiro com um ferro e corda em vocês? Mesmo nessa água toda num tens liberdade? Agora imagina o que é nesta zona que chamamos terra e que é muito mais pequena que a tua? Tem uns animais parecidos comigo que dão tiro mas sem ser com corda uns nos outros e ás vezes num sabes mesmo porquê. Tem outros, parecidos, que andam naquilo que chamamos estradas e parecem balas sem pistolas. Aqui também não é bom afinal. Mas tem que vai melhorar porque tem animais parecidos que estão a crescer e vão mudar tudo isto. Num estaremos aqui para ver mas vai mudar mesmo. Diz aí aos teus amigos para fazerem uma manifestação contra essa coisa de tirarem a vossa liberdade. Sabes, baleia amiga, quando era miúdo, tinha sonhos grandes, sonhava que todos eram iguais, todos tinham os mesmos direitos e obrigações, mas fui crescendo e vi que num era assim. Uns são mais iguais que outros e que os direitos às vezes são mesmo muito tortos. Me disseram que no antigamente da vida na minha terra também se 'caçava' baleias, mas eu inda num tinha nascido. Como vês, tudo vai mudando e qualquer dia és livre para andar nesse azul todo.
Sabes, nunca mais vi a menina do biquíni azul e do toldo cor de laranja. Sabes, há muito tempo que não tou com ouvido no kissange que té parece que chora mas é de alegria no coração. Sabes, há muito tempo que não sinto o cheiro da minha terra, que não respiro o ar puro que tinha lá, quando não vinha aquele vento do deserto zangado com areia que até cobria a estrada. Sabes há muito tempo que num sou picado por um mosquito que a tifa não matou e depois dava um frio dentro do corpo que até parece que dançava. Sabes, há muito tempo que não como o pirão feito naquela panela de ferro por cima da lenha e mexido com um pau, e comido com as mãos. Sabes, passou muito tempo, que até desqueci, que num subo numa árvore para roubar umas goiabas e ficar 5 dias sem ir na casa de banho. Sabes, faz tempo que num vou na chica até ás hortas ou ás salinas ali para os lados do Bero.
Pois é, num sabes o que é o tempo.
Como está ai o tempo? Este agora é outro. Tás a ver como é só complicação. Uma palavra e quer dizer duas coisas. Este agora é para perguntar se está a chover. Na água num te dá para ver? Desculpa!
Aqui não é Março e não está a chover.

RECORDAR (28)

Sanzalando em Angola
rolamentos 02-01-2004 18:32 Forum: Liceu Américo Tomás

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Me desculpem mas hoje que vou passar a tarde na oficina. 'Mas o gajo virou mecânico?' estão a pensar alguns. 'Tá louco' pensaram outros. Mas que não digo eu que sou quem sabe porque sou eu que estou a escrever. Vou na Oficina do Abel. Assim mesmo, que não sei se tem outro nome mas que só conheço assim. Primeiro vou passar na casa do Mané Jacaré, depois passo na do Osório, se tiver tempo tenho muitas casas para passar, Chico de Olhão, Paulo Jorge e Oscarito. Mas vou passar só porque mal o Abel ou o Manel abram a porta eu quero estar lá. Quê? está aberta? Posso? 'Que queres, miúdo?' 'Sr. Abel, eu queria mesmo 4 rolamentos!'. Tá a perguntar isto e está a fazer vrruuuummmm no caso do Novais, que tá que nem me ouviu. Ficou cheiro gostoso no ar. 'Sr. Abel, que corrida vai entrar esse?' de imediato disse '6 horas do Huambo'. 'Mas afinal o que queres?' 'Sr. Abel, eu queria era mesmo 4 rolamentos'. 'Pensam que isto é alguma fábrica?' mas tá a dizer isto e tá a caminhar lá para os fundos. E o Porche lá continua a fazer vrrrruummm que parece um relógio. Agora entrou o Sr. Manuel com o seu Carocha branco. 'Boa tarde, que queres?' outra vez a repetir tudo, 'só quero mesmo 4 rolamentos'. Mas veio o Sr. Abel com os rolamentos que eram mesmo só 3. 'Obrigado, muito obrigado'. Antes 3 do que nenhum. Quero lá saber da casa dos outros, mesmo do Tio Gaspar que é em frente nem quero nem saber. Corrida para casa que tem muito trabalho te espera. Como vou mesmo fazer um carro de rolamentos com 3 rodas para ganhar ao João Carlos Robalo, Zé Corado, Alvarito Fonseca, Santanas? Puxa na cabeça e te desenrasca. E num é que fez? Na curva ele desequilibra mas com o balanço do corpo vai dar. Pópilas, num pode nem passar num buraquito se não a roda da frente vem sair cá atrás que parece fumo de escape.
Que vale mesmo é que não está a chover e não é Março.

desvarios (19)

Sanzalando em Angola
desculpem-me qualquer coisinha 02-01-2004 17:46 Forum: Conversas de Café

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1º - Não fiz tropa na Guerra colonial
2º - O meu Kimbo estava 'longe' do palco de guerra

Mas descobrir em 2004 que não houve Guerra Colonial, quer dizer que andei estes anos todos enganado. Não desculpo ninguém: jornais, documentários, Associação De Deficientes das Forças Armadas e o relato dos amigos que me disseram que passaram por lá.

Francisco Nóbrega alguém deve estar equivocado ou demasiado traumatizado que apagou da memória alguns factos, alguma realidade.

Não me ofereço para pagar o café pois não sei se não lhe fará mal ao estômago. Uma Água das Pedras pode ser

Um abraço

RECORDAR (27)

Sanzalando em Angola
Tobé já que mãe deixou mesmo eu sair eu vou contigo. Quero mesmo ver como vai vestida a menina do biquíni azul - que deve tar bonita como só meus olhos conseguem ver. Depois quero ver como vão o Dr. Brandão, o Dr. Coutinho, o Dr. Balsa, o Júlio D'Almeida, o Dr. António Sousa, o Trindade Júnior, o Dr. Lara vestidos para quando for grande eu imitar eles. Que sabes tu que um dia ainda vou deixar crescer o bigode como o Dr. Brandão? Que um dia vou ter vida certinha como o Dr. Balsa? Que um dia vou ser importante como o Dr. Lara? Que temos que aprender agora para quando crescermos num tar só a fazer os borradas de agora. Sabes que o conjunto é o Bagarrão+2 ? Dizem que tocam para caramba música de baile. Desconheço mas é que dizem. Ficamos nas arcadas, bebemos a nossa Alpine faz de conta é champanhe.
Quando chegar a meia noite dizemos um para o outro e para todos os que ouvirem:
BOM ANO

RECORDAR (26)

Sanzalando em Angola
Barca Bela 30-12-2003 18:51 Forum: Liceu Américo Tomás

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'Que linda barca bela que se vai deitar ao mar...' que era o professor Amaral na escola 55 ou a Estrela na 56, ou a professora Maria ou a Saavedra? Que estes foram os meus professores na escola primária, que foram sim. O professor Amaral, que parece que veio do Lubango quase todos dias dizia 'Carranca e Bento (Jacaré) venham já aqui'. Lhes digo que o riso num vinha na cara porque uma menina de madeira com cinco buracos vinha que ter na nossas mãos. Ou foi por isto ou por aquilo. Mas que o raio do homem tinha sempre razão num sou eu que o vou contrariar. A Professora Maria, já mais velha, santa pessoa. A professora Estrela, que era de Porto Alexandre, acabadinha de sair do Magistério se via de todas as cores a aturar os malandros da escola 56, mas que era simpática desconheço quem num é desta opinião - se lembram que ela morava num casa de esquina, onde morava a 'velha' Brites, ao lado da Lusolanda e frente da casa das Noivas, num quarto alugado? A professora Saavedra era mais sabida, se tinha a gente nos controles. Me contaram - desconheço se é verdade ou não - que uma vez veio de féria a Lisboa e deu 7 voltas á rotunda do Marquês de Pombal até que consegui sair na Fontes Pereira de Melo. Num sou de intrigas mas acredito. Foi um destes que ensinou a ler e escrever este matumbo que parece que precisa ir na escola outra vez...
Já fez tanto tempo que desqueci de como continuava. Mas isso hoje importa?
Não chove e alguém gostou de ler...

RECORDAR (25)

Sanzalando em Angola
eu tou aqui 28-12-2003 21:10 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que desapareci que nada. Tou aqui mesmo! Hoje vesti a roupa que recebi no Natal, fica grande mas também que tou a crescer e vai durar até no fim das aulas. Por isso estou vestido de natal. Brinquedos mesmo que não tive. Natal sem brinquedos num é Natal, mas Pai Natal a mim dá só mesmo roupa e sapatos. Mentira, tive um brinquedo sim. Tive uma camioneta de 1/5 m de plástico, com sítio para pôr a carda para puxar. Num é nova mas também está em bom estado. Acho que já foi do meu tio. Deslembro de ver eles a brincar. Mas com roupa nova vou na matine do Eurico, dá um filme da Rita Pavoni. Sardenta que canta bem. Tem madres e traquinices do colégio onde ela anda. Depois da matine vou comer um sorvete ao Tiago Costa, ao lado do Rotiv. Depois vou para casa tirar esta roupa para não gastar, visto os meus calções e suspensórios e vou brincar com a minha camioneta nova, e se calhar vou brincar ao Tau com o Corado, Rui Miranda, Juleco, Alvarito e quem mais aparecer. Tás morto. Num estou nada. É sempre assim mas a gente num se zanga. O Beto Reis é que não gosta do barulho. Mas hoje é domingo. E a porta da casa do Carriço dá jeito para esconder.
Assim digo que estou aqui e já fui ao Bombeiros ver o presépio grande que eles montam todos os anos. Para depois da passagem de Ano no Club Náutico eu hei-de voltar....
Só está cacimbo

RECORDAR (24)

Sanzalando em Angola
Adeus 21-12-2003 12:55 Forum: Liceu Américo Tomás

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Hoje me apetece dizer adeus. Um adeus que pode ser até manhã como mais tempo. Só apetece dizer adeus. Num sei se foi de lembrar daquela árvore grande que ficava na esquina da Av. do Bonfim com a rua do Impala Cine, antes do Hotel Moçâmedes, alta com mais de 50 metros e era mesmo a árvore de natal. A Câmara punha luz e tudo. Não sei se foi de lembrar os jogos do Atlético contra Catumbela, BCA e rever o Ascenso a olhar para um lado e mandar a bola para outro e todos iam na finta. Num sei mesmo se foi só de acordar com cacimbo e dizer que esta cidade num tem nada que fazer nos dias assim. Se calhar até pode ser porque num tem mais memória. Não chove nos neurónios ideias e pessoas. Por isso digo adeus.
Quando tiver ano novo se costuma dizer vida nova e novas coisas vão aparecer. Talvez me lembre da Livraria Mirabilis ao lado da loja dos Madeiras e ao pé da Sotrage. Talvez recorde o Café Avenida e sua grande esplanada. Talvez me lembre da tua cara de espanto ao ler isto e assim me venham ideias novas.
Boas Festas para quem é de Festas mas Bom ano para TODOS

RECORDAR (23)

Sanzalando em Angola
Matumbo 20-12-2003 19:23 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que tem que se lhe diga. Chiça! Como chama mesmo aquela Sanzala que fica depois do Cemitério? Forte de Santa Rita. Mas porquê esses gajos chamam forte a uma cidade que fica mesmo colada na minha? Num tem muros, num tem portões que é para fechar. Depois diz a mim que o matumbo sou que eu. Ao pé do Rádio Clube tem um bairro que chama de Sanzala dos Brancos. Mas tem que também mora outros que num é branco? Depois diz a mim que o matumbo sou que eu. No caminho da Praia Amélia tem um que chama de Torre do Tombo. Nunca lhe vi torre. Deve ter dado um grande tombo mesmo. Depois diz a mim que o matumbo sou que eu. Ao pé da escola 111 tem um bairro que chama da Facada. E num é que por causa do nome eu tinha mesmo medo de ir lá? Agora diz a mim que o matumbo não sou eu!
No forte de Santa Rita morava um que era meu amigo - Daniel - filho do Sr. Faustino (ou seria Justino?), continuo da Escola Industrial. Amigo mesmo de ser amigo. Todos os Sábados ou eu ou ela ia na casa um do outro. Começou a Guerra Daniel foi na Unita nunca mais que lhe vi, até hoje. E que não é o Daniel das outras estória. Foi com meu amigo Ferrão... Na Sanzala dos Brancos tem um que chama Catronatico, outro que é Lena. Na torre do tombo tem Marcelino. Cidade grande esta. Princesa do Deserto com o mar aqui tão perto. Quando apanhava boleia nas voltas das 18.00 do Citroen dourado passava em todos os bairros mas nunca no Forte de Santa Rita que num tinha estrada com asfalto. Eu sentado atrás no 'boca de sapo' com ela ali ao lado. Num abre a boca, pode sair asneira. Diz só que sim, que não e obrigado. Estilo. 'Que foram feitos um para o outro' dizia muita gente. Corava e dizia que não. E foi não.
Agora sim chama eu de MATUMBO.

RECORDAR (22)

Sanzalando em Angola
Castigo 16-12-2003 14:14 Forum: Liceu Américo Tomás

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Tou feito hoje. Mãe disse que num estudaste num sais de casa. Porquê que o mundo tem destas injustiças. Pópilas que no fim de semana estava cheio de vontade de mandriar, os livros num têm que ser abertos sempre, estraga-os. Portanto mãe que é mãe disse e está dito. Num sais e eu num saio. Deixa ter calças compridas e depois a gente conversa. Que sento na varanda e sendo meio-dia num está calor mas está sol, num tem vento e está-se bem aqui sentado. Na minha frente mora o Mário Rocha e D. Lucília. Num preciso de rádio. Pela janela deles sai música: 'onde estaciono o carro, na baixa ou na bicha devagar'. Mas num tem bateria, viola, órgão ou instrumento. Só tem mesmo voz. Bonito mesmo. Agora mudou 'buzinei o calhambeque...' do Roberto Carlos mas tem voz de mulher. Tá bater tapete na janela. Helena Rocha está cá de férias. Que bom. Assim nem que dá vontade de sair de casa. Esta menina canta bué de bem mesmo.
Ainda por cima olho para a casa de baixo, onde moravam os Corados e está alguém também na varanda. Hum, que coisas linda está ali. Num lado a voz no outro a minha metade de coração.
Obrigado mãe por me pôr de castigo hoje.
É Agosto num ano qualquer

16 de fevereiro de 2004

desvarios (18)

Sanzalando em Angola
Angola depois de qualquer coisinha 13-12-2003 18:46 Forum: Conversas de Café

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Aqui estou eu no meu exílio dourado - férias em Chaves - a recorrer a um Cyber café para entrar nas Conversas de Café . Com alegria vejo que angolanos de angola entraram neste fio e dão opinião actualizada. Quilha é com gosto que vejo alguém vir muitos sois depois dizer o que venho a dizer - a história de Angola não se resume aos anos 1974/75. Houve guerra e está-se a sair da última. Espero sinceramente que seja da última. Penso que não há mais JMS a querer viver no mato ou no morro com preferência para o primeiro. Penso como o Pedro Dornellas que há muito a fazer para vermos crescer e desenvolver o País que amamos. Penso como a Moçâmedes - tinha que ser - que com ar sereno desenvolveu o que queremos, alguns dizer à tanto tempo mas a 'porrada' que levamos deturpa o que escrevemos.
Anabela Machado acho que é a primeira vez que lhe dirijo a palavra por isso começo com um pedido de desculpas por qualquer coisinha. Em seguida digo que após tantos anos a mágoa deve ser deslembrada, a história, faz-se de factos concretos em momentos concretos e não há volta a dar. Como muito bem 'vê' o Quilha há aqui tanta História que por vezes nós não conseguimos dizer qual é a verdadeira. Karipande sabes que estou contigo há que definir modos e mudar enraizamentos - mas não consegues reabrir o fio pois há muito que deixamos essa da cristandade para outras calendas.
Muganda fazes falta para dizer 'eu bem avisei' e muito mais.
Imberso não vale estar tanto tempo encafuado na 'Torre do Tombo' a estudar para depois vires 'arrazar' connosco.
Vamos em frente...

RECORDAR (21)

Sanzalando em Angola
Princesinha aqui estou eu a passear-te 12-12-2003 18:37 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que tou mesmo chateado. Maldito cacimbo que num me deixa estar parado a ver o mar. Num se vês mesmo nada. Que vou fazer? Os gajos da Oásis hoje estão só numa de bilhar e a massa num dá para jogar o perde paga. Ficar sentado na esplanada está frio e num dá e ela, no Citroen dourado só passa aqui às 6.15 horas. É sempre assim e hoje que não vai ser diferente. Ficar aqui parado mesmo que não dá. Já sei. Vou na Avenida, c'apanho o machimbombo, vou passar na campo de futebol, depois que viro no Bairro da Facada. Vou visitar o Bairro. Aqui que mora pouca gente que conheça. Mas caramba, a cidade tem 3 machimbombos e eu nunca andei em nenhum, que não vale mesmo. São verdes e grandes e para mais andam sempre vazios que dá para ir na janela ver a cidade. Me disseram que com dois e quinhentos eu vejo a cidade toda que é o que eu vou fazer. Num encontro aqui ninguém que conheço. Vou até subir a estrada que dá para o quartel. Olha o Zé Carlos Bento a fingir que guia camião tendo como volante uma tampa de panela da sopa, penso eu que é da sopa porque é grande. Faz brummmmmmmm e vira e faz pisca. Moleque inventa qualquer coisa para passar o tempo. 'Tás bom miúdo?' lhe pergunto eu como se muito mais velho fosse. 'Tou!' quem conduz que não pode se distrair, penso eu por ele não me dar mais trela. Volto para trás e no Bairro Dos Heróis do Mucaba espero outro Machimbombo. Olha a Gorete. 'Tás boa?' Num que perguntei, eu estava mesmo era a afirmar, mas educação fica sempre bem. 'Que fazes aqui?' reponde ela com pergunta. 'Tou a matar o tempo'. 'Viete-me ver?' que não. Corei porque não é que importasse mas na verdade eu estava mesmo só a matar o tempo. 'Olha, chegou machimbombo' e eu que entro sem dizer adeus nem que nada. Virou no Mercado, e segui até à escola Comercial e Industrial. Num entrou ninguém em todo o caminho e que não saiu também. Apiei. Que bonito ver daqui para baixo. Do outro lado tem Torre do Tombo. Atrás tem um musseque grande para caramba. Tem depósito dágua que parece torre. Machimbombo foi embora e me deixou aqui. Agora tenho que ir a pé? Que não vou não. Mas tenho que ir para baixo e vou andando mas sem vontade. Passo na casa do Delegado de Saúde, passo na frente do Hospital e paro. Vou na casa do Luis Castelo Branco. Inda me dá lanche e vejo Céu, mais velha mas miúdo não é cego. Caramba, que não está ninguém. Sigo e parei à frente do Liceu. Sentei no muro da casa do Dendeka. Uf. Num passa mesmo ninguém. Tem cidade que num mora gente é essa. Ali do dispensário está a Rotunda do Radich, que dá para Porto Alexandre, dá para a Igreja, dá para a Escola Comercial e dá para o Bairro da facada. Quem fez esta cidade que tinha régua, esquadro e compasso. Para onde vou agora? Vou na casa do Ascenso. Volta um bocado para trás e lá vou eu. Passei na dos Chalupas, na do João Duarte. Que está ninguém na rua. Cidade burra, fugindo do cacimbo. Olha está o Serginho. Dois dedos de conversa e fico aqui a matar o resto do tempo.
É Setembro e faz cacimbo para caramba

Lagos em 2003

Sanzalando em Angola
Em Lagos a 7-12 2003 (1) 08-12-2003 21:34 Forum: Estamos Juntos!

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Que peguei em mim e me mandei para os lados de Lagos. Tava no relógio 10.00 horas. Ai vou eu na bulina pela 125. Que chego a Lagos e os malandros que fizeram tantas rotundas que não me avisaram e me perdi. E agora que faz? Num tem problema, agarra telemóvel e zaz tenta ir a braga para saber o número de Lagos. Intelegente este gajo mesmo. Lá cheguei ao ponto de encontro. Que vi uma dona que diz 'eu sou mutamba'. Prazer disse eu. Chegou outra e me diz m'sou a Rosa'. Muito prazer e obrigado respondi na minha educação. Ai chega um dono, que cabelo tinha pouco, fala comigo, parecia que eramos assim um com outro. Me falou 'sou Gemadouvo', gargalhei e disse fotógrafo. Foi gargalhada mesmo na rua. Que mete novamente no carro e vai em direcção ao Cabo de S. Vicente. Tem feira bonita e tem farturas, camisolas, meias, vento e pouco frio mesmo. Que bebe um café - mas num é igual às Conversas de Café. E vamos ver o mar. Que depois Fortaleza de Sagres. Mas num tem 30 pessoas no todos. Que paga para entrar e ver o mar? Num pago e num vou. Arranca para o Restaurante almoçar que um homem não é só para fazer turismo. Que 'algarvio' este que voltou a se perder. Num dava que encontrar o Restaurante. Mas deu depois de mais um telele. Paisagem linda. Mais duas mesas compridas e carne grelhada. Cuns tava frio outros quente mas ninguém reparou. Que bebi Imperial fresquíssima
(2) 08-12-2003 21:51 Forum: Estamos Juntos!

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Que sim na imperial e no doce da casa. E a vista. Bela escolha. Mas cadê os outros? Que ficaram a dormir da farra de ontem ou que foram comer peixe num sei onde. Mas que está bem. Aqui está o Lelito. Tanto tempo, meu irmão?! Que fala daqui fala dali e Gemadovo me diz 'sabes quem é o mais bonito?' e eu respondi 'que não'. Me diz ele outra vez com rir nos olhos também 'EU, porque quando levanto o telefone me diz tuuuuuuuu tuuuuuuuu tuuuuuuuuuu' Mais gargalhada. Mais conversa. Num vale perguntar nomes porque a cabeça do menino é fraquinha e pode fazer confusão. Só diz nome mesmo de quem sabe. Sentou na esplanada e conversou. 'Eu sou daqui', 'eu dali' e por ai fora. 'Eu sou o Telmoro'. Como pode estar assim naquela forma? Num tem barriga. Que tem ginástica. Mapundeira lhe cuida bem. Rosa sempre a correr. Bem que vamos pôr o corpo a repousar para logo. Uns vão para ali outros para acolá. Que quero eu saber? Vamos e eu fui também

(3) 09-12-2003 01:05 Forum: Estamos Juntos!

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Aproveitei o intervalo e não fui nas pipocas, vim mesmo a correr para casa para pôr fotografias lá no fio para espevitar o apetite de quem não ia ao jantar. Assim quando era 6 da tarde me ponho outra vez na 125, parando nos sinais e fazendo todas as rotundas até chegar a Porto de Mós. Mas cum caramba. Vocês acreditam que me perdi outra vez. No Namibe era mais fácil. Novo telelemóvel para o Lelito e lhe pergunto 'onde é essa coisa que estou marado'. Paciência dele, que até parece no Pal a dizer carrega no micro e levanta a mão, me disse direitinho, mas num disse vira à direita ou esquerda, me dizia vira às 9 horas e depois segue em frente como meio-dia. Que cheguei. Pensei vou mudar de nome: MATUMBO! Tirando Lelito não tinha ainda mais ninguém. Vamos no bar, mais um café e um chá e não sei quantas águas. Começa a chegar Donas e Donos. Chega Njamba e trás a tiracolo o Tchifufa. 'Miúdo tás grande' me disse Tchifufa que não me via vai para muitos anos. Dei cumprimentos da mulher no Njamba que me mandou dar pelo Sunguila. Matumbo mas obediente eu dei. Que chega mais gente, cada vez mais gente. Catronautico também telefona estava como eu, perdido. Mas que chegou. O bar tava a ficar pequeno que os que estavam com farda verde - empregados dali - disseram podem passar para a sala. Angolano mesmo que faz? Ficou ainda na rua conversar. Matar saudade. Checou Teka, Timan, Belita, Sebas, mil gentes. Que pensei, num cai caber tanta gente. Mas cabeu! Beijinhos para aqui, abraços para acolá. Sempre na rua. Só fazia mesmo falta o calor de África, o cheiro de África e a areia de África. De resto tinha tudo.

(4) 09-12-2003 11:30 Forum: Estamos Juntos!

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Que fica tudo na rua no blá blá. Que sorte não tem mosquitos. Leng Loi chegou zangada porque também se perdeu. Afinal não sou o único matumbo, pois acho que tem mais mas que num falaram nada. Grande abraço a JotaPortugal, que tá não ver há mil anos. Que tanta mil gente boa que está aqui. Timan se apresenta e ri. Tantas divergências no Conversas de Café mas aqui tudo parece família. Umbundo passa e cumprimenta. Muganda chegou e grande abraço que parece amigos de infância. Tem divergência mas tem união - Angolonidade - sindrome díficil de tratar esse, acho mesmo não tem cura. Mas tudo continua na rua, na penumbra da noite é que se está bem. Belita, Rosa, Sebas mandam o pessoal entrar mas que quê. Tem muito que conversar mesmo. Ainda por cima está a vir o cheiro do mar. Tá sempre a chegar gente. 'Eu sou a Loengo' respondo 'muito prazer'. Num posso falar mais pois os neurónios estão a começar a ficar confundidos com tanta gente boa. Devem estar a dizer uns nos outros 'este gajo está a dar muito trabalho hoje na gente'. Aperta mão aqui, dá beijinho ali. O neurónio 1324 disse para o 701 estamos juntos . Toca a entrar que o barriga não tem nada a ver com os cérebros que só querem trabalhar.
(5) 09-12-2003 11:42 Forum: Estamos Juntos!

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Que grande confusão. Sala tem muitas mesas, num sei se são de vinte ou trinta, mas são duas salas cheias mesmo. 2 beijinhos na Missanga, mais outros na monárquica Kalú. Kiki e a sua muleta que chama canadiana ri e chora, tudo no mesmo tempo. Distrui nas mesas. Eu disse na Rosa que queria ficar perto na porta, pois tem muitos que querem dar porrad no gajo lá no Café. Mas que nada, já pode ficar mesmo lá no fundo porque família é assim, discute mas é família mesmo. Leng Loi parece mosquito electrico, daqui passa para ali e volta aqui e vice-versa. Uns muitos foram para as duas mesas mais compridas de lá de dentro, outros muito mais ficarm nas três mesas da sala mais da porta. Que sem ser de propósito fiquei mesmo ao pé da porta. Minha frente Pedro Dornelas, à direita dele ficou 1958 Meno, acabadinho de chegar da Suiça e propósito - granda abraço, à esquerda dele ficou Muganda. Ficaram duas cadeiras vazias para Karipande e Imberso. Mininos vocês fizeram falta mesmo. Ainda por cima como disse o Pedro Dornelas Fui ontem ao jantar dos sanzaleiros com o MUNGANDA
Foi extremamente agradável o jantar e o convívio. O Meno veio da Suiça e trouxe (roam-se de inveja ) 3 garrafinhas da sua produção que alegremente despachámos, conheci pessoalmente o Carranca e a sua mulher, estive com a Teca e conversei com o Sebas e tantos outros. Lamentámos a falta do Imberso e do Karidande e quando o frio atacou reparámos que eram 4,30 da madrugada e eu tinha que fazer logo de manhã, o que bem me custou...
Ainda bem que as "Conversas de café" e a Sanzala existem. Tudo mesmo gente boa.

(6) 09-12-2003 12:06 Forum: Estamos Juntos!

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Mestre Sebas ficou noutra mesa, Leng Loi noutra, Loengo e Filha noutra. Belinha, Rosa, Timan, Gemadovo, Umbundo, Estregilda, Teka e 'Tchicarau' todos na muitas mesas. Em todas se ouvia risoa, gargalhadas. Gemadovo disse que quando deixasse de ser maluco queria ser carro electrico para andar sempre na linha. Se comeu cataplana e se bebeu - leiam atrás que ainda não esqueci a pomada vinda da Suiça. Sebas veio aqui dar dois dedos de conversa. Outros muitos fizeram o mesmo e eu fiz no mesmo. Foi lindo, conversa saudável, discussão acesa sem arder. Este fio e aquele e o outro e ainda o outro. Se falou muito dos ausentes. Se concluiu que todos fazem falta pois senão acaba. Mais umas voltas pelas mesas. Juleco, carequinha relusente e sorriso ai. Carlos Matias parecia o fotografo de serviço. Com tantas fotos num sei se não vei ter que ter galeria especial.
(7) 09-12-2003 13:15 Forum: Estamos Juntos!

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Rebel autêntico gentleman. Saltitava de mesa em mesa. Distribuia sorrisos por tudo o que fosse canto e se fosse canto feminino eu não digo mais... Publicitário e bem disposto. Leng Loi passeava o seu copo e ria a bandeiras despregadas. Simpatia em todos os poros, naqueles que estavam à vista. Loengo farrava, Teka farrava. Começou farra mesmo. Música da boa. O 'Grupo da Pesada' continua a sua Conversas de Café na rua. Ara, que veio dos Açores, é contra, abraça Muganda, mas sorriso sempre, mesmo que seja contra só porque é contra. Num canto os do Namibe se sentam a conversar e trocar números de telefone. Tudo corre bem. Festa é festa e esta se chama 1º Aniversário da Sanzalangola. Discute-se a lei da Terra, se dança uma merengada. Angolanos é mesmo assim. Mistura alhos com bogalhos e sai farra. Gangonja não está mas mandou beijinhos, Gena não está e manda também, Gabi num veio mas está connosco. Todo o mundo recebeu um telefonema. Gottardo mandou chocolates - que delícia - tenho que a ir visitar. Simpatia. Comi Goiabada e bebi Bolunga. Farra taí.

(8) 09-12-2003 13:22 Forum: Estamos Juntos!

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Meus ouvidos não puderem ver ouvir todas as conversas. Miles pessoas a falarem num dá. Mas lhes digo que farra foi mesmo boa. Me lembrei das Rebitas do Namibe, na Aguada ou na Torre do Tombo. Me lembrei dos bailes do Benfica em Sá da Bandeira. Me lembrei de tanta coisa e tanta gente boa que as palavras num chegam para descrever. Rosa botou discurso pequenino a comemorar o 1º Aniversário e se apagou o bolo, claro que era uma vela, que o bolo não arde, escorrega na garganta. Veio Medronho para aquecer que o frio começou.

(9) 09-12-2003 13:29 Forum: Estamos Juntos!

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Estão a combinar um almoço oua nova farra? que não sei, mas estava animada a faladura isso estava. Juventude irrequieta. Tudo animado.
A Estregilda diz que chora quando passeia por Moçâmedes no fio do Liceu do Namibe. Kotas irrequietos esses Angolanos, mesmo. Sebas tem 20 anos. Rosa está nervosa mas corre tudo bem. Belita distribui sorrisos na sua simpatia. Timan ri e num descobri porquê. Gemadovo deve ter feito mais uma das dele. Kiki sem muleta dança.
(ultima) 09-12-2003 13:36 Forum: Estamos Juntos!

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Foi mesmo bom. Pena que acabou pois tive que vir embora. Os outros ficaram e farraram até às mil rotações. Me disseram depois.
Me disseram também que tinha livro para assinar mas eu não vi e outros me disseram também que num viram. Mas a minha assinatura, mesmo que virtual, está lá, porque eu estive lá e vi a FARRA e Alegria.
BEM HAJA SANZALANGOLA.
Para o ano, num sítio qualquer lá estarei novamente.
Um abraço a todos os que lá estiveram e um enorme para todos os outros que não dureram lá estar. Matumbo fez esta reportagem em cima da hora e em directo e o directo às vezes tem coisas. Desculpem-me se esqueci de escrever alguma coisa mas foi porque não soube
(pós-ultima) 09-12-2003 13:45 Forum: Estamos Juntos!

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Tem coisas que num pode mesmo esquecer. O atlético pé de chumbo Telmoro leu um poema e tenho que aqui o transcrever (num pedi licença mas...) ele é cinco estrelas e obrigado

A UMA SANZALEIRA AUSENTE


Tanta gente me acompanha
Nesta festa Sanzaleira,
Cercando-me, em teia estranha,
De emoções a noite inteira!...

Tantos corações unidos,
Me abraçam, num só abraço,
Sentimentos repartidos,
Partilhando o mesmo espaço.

E tu, tão longe e tão perto,
Com o coração desfeito,
Sedento de todos nós...

E eu aqui, de peito aberto,
Sonhando um sonho imperfeito,
Sem o calor dessa voz!...

Telmoro

(Pensado e manuscrito na noite mágica

Como estava absorto a ouvi-lo desqueci de tirar a foto. Assim com as minhas mil desculpas ponho a do discurso da Rosa

desvarios (17)

Sanzalando em Angola
Ferias 06-12-2003 00:26 Forum: Conversas de Café

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Estive de férias. Mas férias mesmo, sem computador, sem televisão, sem jornais. Quatro dias sem nada que me dissesse como ia o mundo. E quando volto o que vejo? Nada. Continuo o ver as ideias preconcebidas de véspera. Bate-se no Karipande porque defende as suas ideias, e antes que ele tenha alguma é melhor bater de véspera; bate-se no 1958Meno, bate-se no Pedro e é preciso entrar o Moderador. Conclusão? Continua tudo na mesma. Salazar não caiu da cadeira, Stalin ainda governa a URSS, a Igreja ainda diz que o Natal é em Dezembro e não todos os dias.
É por isso que gosto da Sanzala e do seu café. O Muganda diz que tem dinheiro e vai embora, o Uko ofende-se com o Lobo Costa. E eu que gostava tanto da gabarolice do Tarzan Taborda.
Para Angola o Natal vai chegar. Não é preciso que seja em Dezembro. Um dia qq dum mês qq, vamos ver as crianças de Angola a terem o que merecem: ALEGRIA DE VIVER.

RECORDAR (20)

Sanzalando em Angola
popilas 05-12-2003 20:21 Forum: Liceu Américo Tomás

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Que fui visitar a família para os lados de Sá da Bandeira. Mergulhei na piscina da Senhora do Monte. Também quem chama de piscina naquele lago todo deve que ser maluco, e ainda por cima tem bagre e escorrega para caramba. Fui mesmo sempre a pé que machimbombo tá caro para quem quer guardar dinheiro para os carroceis das Festas da Senhora do Monte. Do bairro da lage tem carreiro que passa de trás da Pousada e é um pulinho. Mas ali não tem guarda sol nenhum, nem laranja nem de outras cores. Os carros param bué da longe para ver se vem alguém conhecido. Mas que tem aqui a Maria Adelaide, minha namorada de Sá da Bandeira. mas num diz a ninguém se não levo porrada, do pai dela, dos irmãos e doutras pessoas, que eu sei. Mas foram férias bestiais mesmo. Mas no mesmo comboio que fui voltei. Os carris eram os mesmos porque a linha só tem mesmo uma. Quando cheguei o Sr. Alves me cumprimentou e me disse 'pôpilas, que tem cartazes com tua chipala por todo o lado'. Que não fui de lua de mel, que não fui com o Simão, que não me deu loucura. Fui de férias mesmo. Mas me desculpem mais um pouco porque tenho que ir visitar uma pessoa que no verão usa biquini azul - tenho dor de saudade de pôr os olhos nela. Deixa só apanhar o táxi - num sei se tem algum na estação para me levar a casa. Tá tudo na mesma. Cacimbo é muito mas dá para ver que nada mudou. Nem simpatia dela. , vais ver que num posso visitar a família? Me disse bom dia como se me visse ontem. Queres ver que lhe disseram que eu ia todas as noites para Senhora do Monte? Num acredito. Mas eu lhe digo ' tive saudades tuas'. 'E depois?' Não dá para conversas hoje. Melhor mesmo é ver se tem alguém na Oásis. O Sr. Ferreira, mesmo ao lado do Aéro Club, conta pela enésima vez os palmos da fachada da casa dele. Inda não tinham inventado a doença com o nome do alemão. Mas ele é o único que anda na rua. Também ainda não são dez horas e tavas a querer que com este cacimbo estivesse alguém na rua?
Tem dia que não dá para sair de casa...
Não é Março e está cacimbo por todos os lados

RECORDAR (19)

Sanzalando em Angola
vou passear 29-11-2003 11:56 Forum: Liceu Américo Tomás

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Amanhã e despois não se admirem se não virem o meu mataco aqui, sentado na esquina do Fonseca, na esplanada do Oásis ou noutro sítio da cidade das miragens. VOU DE FÉRIAS. Sabem que é isso. Não tenho que ir no RCM, não tenho que ir aturar o Dr. Coutinho, o Dr. Ezequiel e muito menos tenho que aturar as rondas do Dr.António Sousa - Buldog - para ver se estou a fumar ou a malandrar. Num estou preocupado se chove ou se faz sol, porque cacimbo vai fazer de certeza. Tem uma coisa que as férias me custa: são sempre curtas. Mas afinal tem outra que é ir do fim da Rua dos Pescadores à estação dos Caminhos de Ferro a pé e de mala pesada com os meus calções, calças à boca de sino e camisas brancas e de milflores pra passar um mesito na terra das mapundeiras. Mas que querem é o meio mais barato e seguro do puto viajar sosinho. 10 horas da noite já estou no CFM. O comboio parte só às 23 horas mas a minha velha é assim, não quer que eu perca o comboio. E tenho que levar camisola porque ela tem frio. Quando me deixa ir de Drezine é que é bem melhor mas..desta vez vou de comboio mesmo. Já arranjei um bom lugar. Perto da janela para de noite ver o mato. Num tem lua mas também não faz mal. O Sr. Alves, chefe da estação, 1,5 m de altura para 40 Kg de peso, na sua farda impecávelmente branca e seu boné de almirante já tem o apito na boca para que a máquina diesel se ponha em marcha. Solavanco, outro e mais outro, cada um mais forte que o anterior e lá foi o comboio ganhando velocidade. Olha o Bairro da Nação, a Aguada e reduz porque tem a ponte do Bero, que me disseram que foi feito com dinheiro falso - que me importa se dá para eu passar? Comboio que não está cheio não. Tem uns bailundos que vão regressar a casa. Conheço Simão que vai para Quilingues. Tem 3 anos que trabalha como doméstico aqui. Tem 20 anos. Deve ter ido no registo de bicicleta. Mas se diz é porque tem. Queria aprender a ler mas como não tem aulas de noite que ainda não aprendeu. O Saco do Giraul e seus montes de ferro e carruagens de carga que dem ser umas 10000, exagero eu porque não deu tempo de contar. Este comboio agora só para no Caraculo. Foi o que disse o sr. Alves. Mas que mentiu eu sei porque no Saco tivemos que parar porque estava para chegar daqueles comboios de 2 km e três máquinas que vêem de Cassinga carregados de ferro. 1/2 hora é pouca coisa. Mais solavancos e lá arrancou. Este não faz pouca terra pouca terra, é mesmo barulho de diesel. Tirei do saco de papel a minha sandes de fiabre e eu e o meu companheiro Simão que comemos. Ele não trás mala, trás trouxa. Mais umas conversas e adormecemos. Um safanão e acordei. Não é caraculo não, não vejo as casaas redondas inventadas não sei por quem. Que passa senhor revisor? Temos que esperar mais comboio de ferro. Que está ém, disse eu. Seria igual se fosse doutra maneira. E debaixo da minha janela passam 3 máquinas diesel e 200 vagões de carga, tum tum tum tum tum característico. Lá se foi mais meia hora. Que importa se não tenho relógio e nem pressa? Paragem oficial no Caraculo. Dá para esticar as pernas e endireitar o corpo. Nova partida. Olha o morro maluco. Tanto está à direita como à esquerda e passam horas e lá está ele. Está sempre. Deve ser mesmo maluco. Adormeci. Simão nem eu pelo Caraculo. Agora é Vila Arriaga. Aquela mangueira grande mesmo na estação é o que eu mais gosto. Temos que ficar 1 hora aqui porque vêem dois comboios a descer a Chela, mais um de ferro e outro igual a este. Quem disse foi um senhor que entrou. Proveitei e acordei o Simão e fomos à mangueira. 'Saiam daí miúdos' não sei quem disse mas que saimos foi. Agora subir a Chela. Da última vez contei 1400 curvas. Uma para a direita segue-se uma para a esquerda e vice-versa. Bué de tempo mesmo para subir aquilo. Que durmo nada. Cabeça de Simão parece badalo de relógio com as curvas. Que pena à noite não puder olhar para longe. É mesmo bonito esta terra. Agora paragem na Mapunda. Já tá amanhecer. Mais um comboio de ferro que tem aqui. E agora semhor revisoe este comboio pára na estação principal ou vai lá par Santo António. 'Santo António'. Que estou frito. Fizeram estação nova lá nos confins, mesmo debaixo do dedo grande do Cristo Rei. Quando sai do comboio dei um abraço ao Simão e disse: ESTOU DE FÉRIAS

desvarios (16)

Sanzalando em Angola
lá estão os velhos do restelo 29-11-2003 10:50 Forum: Que se Passa?

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"A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano, ..."
Canto I, est. 3, vv. ,4,5

"Chamam-te fama e glória soberana ,
Nomes com quem se o povo néscio engana."
Canto IV, est. 96, vv. 7,8

Difícil seria acreditar que tais versos pertençam à mesma obra, no entanto, englobam-se na grande e única epopeia camoniana, Os Lusíadas.

Por outro lado, o discurso do Velho do Restelo, mostra-se mais racional. Apresenta a face mais escura da expansão, revelando os verdadeiros valores que a impulsionam: a ambição e a cobiça.
Apresenta as consequências negativas, tais como as separações familiares que provocam adultérios, as sucessivas mortes e todo um conjunto de desgraças que os Descobrimentos motivam, defendendo, por isso,uma expansão mais próxima (no Norte de África),e não uma expansão tão longínqua.
Enquanto no episódio do Velho do Restelo se alerta para as consequências negativas da expansão, no resto da obra, esta empresa é glorificada.

"Entrevista ao Velho do Restelo

Jornalista - Boa tarde! Estamos em directo na praia do Restelo, onde está a decorrer o grande prémio de corridas náuticas para a Índia....

Velho do Restelo - Seus imbecis, acordem, acordem!!

J - Ora bem, encontrámos uma pessoa que protesta contra esta grande corrida, vamos aproximar-nos e descobrir as sua razões. Bom dia! Estamos a ver que o senhor se opõe a esta corrida, qual o seu nome?

V.R - Chamam-me Velho do Restelo e pela a minha experiência de vida, já sei muita coisa e é por isso que me manifesto.

J - Qual a razão do seu manifesto?

V.R - Manifesto-me, porque os organizadores desta corrida fazem muitas promessas....

J - Que tipo de promessas fazem?

V.R - Prometem fama e riquezas, quando na verdade irão apenas encontrar discórdia e tristeza, para além de outras consequências futuras.

J - Pois sim, mas não acha que no meio disso tudo há aspectos positivos, tais como a glória e fama que os vencedores irão alcançar, bem como as riquezas que poderão conseguir durante a viagem até à Índia ?

V.R - Isso é só conversa, já pensou nas mulheres que vão ficar abandonadas, sem os maridos, sem os filhos, quantas vidas irão ser postas em perigo? Para não falar dos adultérios que esta viagem poderá provocar.

J - Estamos a compreender o seu ponto de vista, no entanto não vamos pensar dessa forma tão drástica, visto que as naus estão bem preparadas para enfrentar todos os perigos que possam surgir. Para além disso, achamos que todo o homem tem de arriscar para ser alguém, não acha ?!

V.R - Não concordo! O homem apenas está a ser levado pela ambição e pela cobiça. Pela minha experiência reconheço que uma característica própria do ser humano é a insatisfação, querer sempre mais, sendo que no fim poderá perder tudo.

J - Ficámos a conhecer uma visão diferente destas corridas. Obrigado Sr. Velho do Restelo por nos ter concedido esta curiosa entrevista. Bom dia! Voltaremos com mais informações. Daqui Ricardo Faro e Ricardo Cabrita em directo da praia do Restelo para a TCF (Televisão Cabrita Faro)."

extractos do site da escola secundária de Tavira, aos quais deixo aqui o meu agradecimento

O que nos move. A FAMA? Já tenho a que me baste, na profissão que escolhi.
A GLÓRIA? Os números falam por mim, o sorriso dos meus doentes falam por mim.
COBIÇA? De poder contribuir com conhecimento? Se calhar....

Eu vou em frente. Se por acaso cair escusam de chamar o 112. Digam apenas : EU AVISEI